Economia
Aula de Economia para o governo
Por alguns reais/hora eu posso ajudar os membros do governo menos preparados a entenderem a crítica. Mas eles têm de prometer ler mais Estatística básica e menos Baudrillard, Marx, etc.
Erro metodológico faz IBGE comparar dados de naturezas distintas, o que o levou a superestimar a produção industrial do primeiro trimestre; o viés para cima aplicado neste dado fez crescimento do PIB de apenas 0,5% aparecer como 1,6%; para instituto, a discrepância vai se corrigir até o fim do ano
1 – o IBGE mudou recentemente a série de suas observações sobre a produção industrial;
2 – a nova metodologia permite auferir números superiores aos que eram obtidos pela metodologia antiga, ainda usada para o período setembro-dezembro de 2003 (justamente o quarto trimestre do ano passado);
3 – ao fazer a comparação entre o primeiro trimestre deste ano e o quarto trimestre do ano passado, o IBGE comete, portanto, um erro básico: compara dados de naturezas distintas, o que, no caso, cria um viés para cima no crescimento;
4 – se o IBGE quisesse ter o número real do crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2004 em relação ao quarto trimestre de 2003, precisaria submeter os dois períodos à mesma metodologia;
5 – nós nos antecipamos e fizemos esse trabalho: usando-se os coeficientes de dessazonalização do instituto e os dados da nova metodologia para ambos os trimestres, o crescimento da indústria no primeiro trimestre deste ano foi negativo: -1,2%, e não positivo, +1,7%, conforme aparece no cálculo do PIB.
6 – feita essa correção, o crescimento do PIB foi de apenas 0,5% no primeiro trimestre deste ano, e não de 1,6%, aquele índice que foi divulgado e que acalmou o presidente Lula.
O próprio IBGE, diga-se, reconhece a existência da discrepância de critérios. Em nota oficial (leia íntegra), diz que incorporará os “resultados da nova série da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) nos Sistemas de Contas Nacionais Anuais e Trimestrais de acordo com sua rotina de revisões”. Segundo dá a entender o texto, o instituto não vai rever os números do ano passado, mas, ao fim deste ano, terá procedido a uma revisão que incluirá o primeiro trimestre deste ano. Vá lá. A ser assim, aguardaremos até novembro para saber que, de fato, o crescimento do primeiro trimestre de 2004 não foi de 1,6%. O erro metodológico do IBGE foi apontado nesta sexta-feira pelo economista Luiz Carlos Mendonça de Barros na coluna Opinião Econômica, publicada à página B-2 do jornal Folha de S.Paulo (clique na imagem para ler o texto).
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