Economia
O partido da poluição.
Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, o excelente texto de Paul Krugman.
No mês passado o presidente
Obama enfim divulgou um plano sério de estímulo à economia -bem aquém do que eu
preferiria mas ainda assim um passo na direção certa. Os republicanos o
bloquearam.
Mas o novo plano, somado ao
movimento "Ocupe Wall Street", parece ter provocado uma virada no
diálogo nacional. Estamos concentrando atenções no emprego.
Qual é o plano de criação de
empregos do Partido Republicano? A resposta é permitir mais poluição.
Tanto Rick Perry quanto Mitt
Romney fizeram de uma redução na proteção ao ambiente peça essencial de suas
propostas econômicas, e o mesmo se aplica aos republicanos do Senado.
Perry ofereceu um número
específico -1,2 milhão de empregos-, que parece ter por base um estudo
divulgado pelo American Petroleum Institute, associação das companhias
petroleiras. O estudo alega que remover as restrições à extração de petróleo e
gás natural teria efeito positivo sobre o emprego.
Mas o estudo depende de um suposto "efeito multiplicador", sob o qual
cada emprego gerado no setor resultaria na criação de outros 2,5 empregos em
outras áreas.
Seria bom recordar que os
republicanos desdenharam alegações de que assistência governamental para evitar
a demissão de professores ajudaria a manter empregos indiretos no setor
privado.
Além disso, todos os grandes
números do relatório se referem a projeções para o final da década. O relatório
prevê menos de 200 mil empregos novos no ano que vem, e menos de 700 mil até
2015.
Seria útil comparar esses
números a dois outros: os 14 milhões de norte-americanos desempregados e o
total de um a dois milhões de novos empregos que pesquisas independentes
sugerem que seriam criados pelo plano de Obama, isso em 2012, e não em um
futuro distante.
A poluição causa danos reais
e mensuráveis à saúde humana. E as autoridades econômicas precisam levar esses
danos em conta.
Precisamos de mais políticos como aquele corajoso governador que apoiou
controles ambientais sobre uma usina de energia a carvão, a despeito de alertas
de que eles poderiam resultar em seu fechamento, porque "não criarei ou
manterei empregos que causam mortes".
Ah, é: esse governador era
Mitt Romney, em 2003.
Qual é a dimensão dos danos? Um novo estudo conduzido por pesquisadores da
Universidade Yale e do Middlebury College agrega dados de diversas fontes para
estimar o valor monetário dos danos ambientais infligidos por diversos setores.
Pois há diversos setores da economia que infligem danos ambientais maiores que
a soma dos salários que pagam e dos lucros que realizam -o que significa que,
na realidade, eles destroem valor econômico e não o criam.
Isso não significa que eles devam ser desativados, mas que a regulação
ambiental é pouco severa.
Os republicanos têm
forte incentivo a alegar o contrário. As indústrias que mais destroem valor se
concentram nos setores de energia e recursos naturais, que costumam doar verbas
de campanha. Mas a realidade é que poluir mais não resolveria nosso problema de
emprego.
E só nos tornaria mais pobres e mais doentes.
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