Economia
Quatro farsantes da política fiscal.
PAUL
KRUGMAN, hoje na FOLHA DE S. PAULO comenta que "os
republicanos que estão gritando sobre o deficit não o reduziriam; fariam o
contrário, de fato".
Mitt
Romney está muito preocupado com nosso deficit orçamentário. Ou pelo menos é o
que diz; gosta de alertar que os deficit do presidente Obama estão nos
conduzindo a um "colapso em estilo grego".
Se isso é
fato, por que Romney oferece uma proposta de Orçamento que geraria dívida e
deficit muito maiores do que os causados pela proposta do governo Obama?
É claro
que Romney não está sozinho em sua hipocrisia. Os republicanos que continuam na
disputa pela indicação presidencial são farsantes fiscais. Fazem advertências
apocalípticas sobre os perigos da dívida do governo e, em nome da redução do
deficit, exigem cortes selvagens nos programas que protegem a classe média e os
pobres. Mas propõem desperdiçar todo o dinheiro economizado concedendo novos
cortes de impostos aos ricos.
O Comitê
por um Orçamento Federal Responsável, apartidário, publicou análises das
propostas orçamentárias dos republicanos e da mais recente proposta de Obama.
As propostas de Newt Gingrich, Rick Santorum e Romney resultariam todas em
dívida nacional maior, em uma década, se comparadas à proposta de Obama para
2013.
Romney
afirma que seus cortes não causariam explosão do deficit porque promoveriam
crescimento mais rápido, e isso resultaria em alta na arrecadação. Você pode
considerar o argumento plausível, mas para isso teria de ter passado as duas
últimas décadas dormindo; se não o fez, é provável que recorde que as mesmas
pessoas garantiram que o aumento de impostos de Bill Clinton em 1993 resultaria
em desastre econômico, e que os cortes de George W. Bush em 2001 gerariam
imensa prosperidade. Nenhuma dessas previsões se confirmou.
Assim, os
republicanos que estão gritando sobre o deficit não o reduziriam -fariam o
contrário, de fato.
Outra
organização apartidária, o Centro de Política Tributária, analisou a proposta
de Romney. Constatou que, comparada à política vigente, ela elevaria os
impostos dos 20% mais pobres, com cortes drásticos em programas como o
Medicaid. O 1% mais rico receberia imensos cortes de impostos -e o 0,1% mais
rico se sairia ainda melhor.
Os planos
republicanos também cortariam os gastos em curto prazo, imitando as
catastróficas medidas europeias, e imporiam cortes de impostos capazes de
destruir qualquer Orçamento, em prazo mais longo.
A questão
é determinar se alguém que ofereça essa tóxica combinação de
irresponsabilidade, guerra de classes e hipocrisia será mesmo capaz de se
eleger presidente.
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