Economia
O lado da oferta
Em decorrência da crise financeira mundial, o Governo brasileiro iniciou recentemente uma campanha publicitária para incentivar os brasileiros a consumir mais. A idéia é simples: se os consumidores efetuarem maiores dispêndios, os empresários terão que se adequar a esse novo cenário, realizando investimentos e contratando mão-de-obra. Isso, por sua vez, provoca um aumento na renda da população, possibilitando a “roda da economia girar”.
A Grande Depressão de 1929 fez com o estado americano lançasse mão de instrumentos de estímulo a demanda, como gastos em infra-estrutura e subsídios e crédito agrícola, no que ficou conhecido na história por New Deal. Keynes, na sua Teoria Geral, afirmava que em períodos de crise era necessário adotar políticas anticíclicas, ou seja, o estado deveria incorrer em déficits fiscais nas situações de contração da economia para garantir o pleno emprego. Essa é, em última instância, o pensamento que rege as idéias dos heterodoxos. A solução para a atual crise, portanto, é aumentar a “demanda efetiva”. No entanto, a análise supracitada negligencia um fato de suma importância.
Um simples modelo de oferta e demanda agregada, com preços no eixo das ordenadas e produto no eixo das abscissas, conforme o gráfico abaixo:
A economia, inicialmente, encontra-se no ponto 1, onde há equilíbrio entre oferta e demanda agregada. Uma expansão da demanda, sem uma contrapartida na oferta, leva o produto para um nível acima do pleno emprego (ponto 2). Nesse caso, há um aumento de preços e salários. Isso significa que os custos para os empresários aumentam e que os mesmos devem, racionalmente, reduzir a oferta, para se adequar a nova realidade. A economia chega então ao ponto 3, onde houve somente expansão dos preços, e não do produto.
Ao desconsiderar a oferta, os heterodoxos cometem um erro primário, tendo em vista que essa é uma restrição para a expansão da demanda. Vamos supor que o governo considere o setor de metalurgia como “estratégico” e decida comprar a produção do mesmo. Como os recursos são escassos, deverá haver realocação dos mesmos entre os diferentes segmentos da economia. Isso inclui, por exemplo, capital, mão-de-obra, matérias-primas e tecnologia, de tal sorte que os mesmos não são mais empregados da maneira mais eficiente possível. Isso faz com que o PIB não cresça tanto quanto poderia crescer. Além disso, o estímulo artificial do estado pode provocar o chamado efeito crowding-out do investimento privado. Nesse caso, o aumento dos gastos governamentais provoca uma alta na taxa de juros, desencorajando a formação bruta de capital fixo, de modo que o efeito sobre a demanda agregada é nulo.
Outra maneira possível de compreender essa questão é através da Parábola da Janela Quebrada. A história se passa com um menino que jogava bola com seus amigos e que, ao desferir um chute, quebrou a janela do seu vizinho. O menino, na visão keynesiana, poderia ser considerado um benfeitor para a sociedade, já que seu vizinho terá que comprar um vidro novo, estimulando assim a indústria que fabrica vidros, que contrata mais pessoas e gera um círculo virtuoso. No entanto, o cenário acima desconsidera que a alocação ótima dos recursos do vizinho do menino não é com um vidro novo. Tanto o produto da sociedade, quanto a utilidade do homem não estará no ponto de maior eficiência.
As crises econômicas requerem ajustes por partes dos agentes econômicos. As decisões de produtores e consumidores são soberanas e racionais. Portanto, se a resposta ótima dos consumidores em um período de turbulências for a cautela, que assim seja.
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Macro I - Prova 2 - Resumo
PROF. DR. ANTONY MUELLER
UFS
RESUMO PROVA II ANÁLISE MACROECONÔMICA Terça, 25 de Novembro 2008
Tema: Mercado de bens, Cruz keynesiana, Mercado financeiro
1. Mercado de bens
Demanda total: Z = C + I + G + EX – IM
Demanda total para uma economia...
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