LUIZ CARLOS E O CRESCIMENTO BRASILEIRO.
Economia

LUIZ CARLOS E O CRESCIMENTO BRASILEIRO.


Em artigo na FOLHA DE S. PAULO, o economista LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS escreve sobre UM NOVO CICLO ECONÔMICO NO BRASIL.

A MB ASSOCIADOS acaba de publicar um interessante estudo sobre o crescimento brasileiro. A variação do PIB -medida do lado da demanda- nos mostra que o Brasil viveu duas fases distintas nos últimos dez anos: de 2000 a 2005 e de 2006 a 2010. Considerada a década como um todo, o crescimento do PIB pode ser explicado em 70% pelo consumo das famílias, em 20% pelo consumo do governo e em 13% pela formação bruta de capital fixo. Para fechar esse quadro de demanda interna, as importações foram maiores do que as exportações em 3% do PIB. Mas esse mesmo exercício para o período 2006/2010 mostra um quadro bem diferente. O consumo das famílias passa a explicar 85% do crescimento do PIB, com o consumo do governo caindo para 18% e os investimentos representando 16,4%. Para fechar a conta, as exportações líquidas negativas representaram 19,2% do PIB. Nos últimos cinco anos, o consumo interno total -governo mais famílias- ultrapassou o valor do PIB brasileiro. O pouco investimento realizado nestes cinco anos foi todo ele financiado com poupança externa. Em outras palavras, nos últimos cinco anos os brasileiros viveram o papel de cigarras, e não de formigas. Mas o economista Sergio Vale, da MB, construiu uma projeção desses componentes de demanda para os primeiros cinco anos da nova década. Como premissa, considerou um crescimento real de 10% ao ano para o volume de investimentos em capital fixo no Brasil. Além disso, trouxe a participação do consumo das famílias no PIB para o número médio de 70% e reduziu o consumo do governo para 17% do PIB. Nessas hipóteses, o setor externo continuará sendo a variável de ajuste para fazer o consumo caber no PIB. Os números obtidos por Sergio Vale, da MB, apenas quantificam o que alguns analistas vêm advertindo há algum tempo: não é possível continuar com essa farra do boi de consumismo que é a marca mais importante dos últimos cinco anos. Ter o consumo das famílias brasileiras representando 85% do crescimento PIB é uma irresponsabilidade que vai cobrar um preço elevadíssimo em futuro próximo. Mais ainda, ter a soma do consumo do governo e das famílias maior do que o PIB é uma situação insustentável no médio prazo. Daí resulta o ponto mais assustador do exercício da MB: mesmo com uma redução do consumo das famílias e do governo e um aumento mínimo no investimento de capital fixo, a deterioração de nossa conta-corrente pode chegar a níveis perigosos. Uma bela sinuca de bico para o próximo presidente da República. Quero terminar fazendo uma homenagem a meus filhos Marcello e Daniel. Depois de 12 anos no controle acionário da Link Investimentos, período em que ela alcançou a posição de maior corretora de valores independente no Brasil, eles e seus companheiros venderam a empresa para o banco suíço UBS. Acompanhei -como pai e conselheiro- toda a vida da Link, sofrendo juntos quando aloprados do PT resolveram acusá-los de utilização de informações privilegiadas fornecidas por mim -à época eu era ministro do governo FHC-, e agora, nos longos meses em que concretizaram a difícil decisão de vender a empresa. Neste novo Brasil internacionalizado, é muito difícil um grupo brasileiro de médio porte e líder de mercado ficar independente. Acho que tomaram a decisão correta.




loading...

- Evolução Do Pib No 4.º Trimestre De 2010
Os dados do PIB divulgados pelo INE na passada sexta-feira confirmaram que o volume do PIB no 4.º trimestre de 2010 terá decrescido 0,3% face ao trimestre anterior. Para esta evolução negativa contribuiram a evolução da formação...

- Crescimento (falta De) - Poupança
Da coluna de Armando Castelar Pinheiro, na edição do Valor Econômico deste fim de semana: "A recuperação da formação bruta de capital fixo no último biênio, no Brasil, foi notável: um aumento médio anual de 9,4%, incrementando a taxa de investimento,...

- Crescimento (falta De) - O Todo E As Partes
Da coluna de Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti, na edição de hoje do Valor Econômico: "O crescimento econômico é um processo de ampliação da capacidade produtiva, expandindo a oferta agregada, e exige o aumento da formação bruta...

- Crescimento (falta De) - O Todo E As Partes
Da coluna de Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti, na edição de hoje do Valor Econômico: "O crescimento econômico é um processo de ampliação da capacidade produtiva, expandindo a oferta agregada, e exige o aumento da formação bruta...

- O Pib Do 1º Trimestre E A Retomada Dos Investimentos
Ricardo Lacerda* O IEDI é o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, uma instituição dedicada à análise e à elaboração de propostas para o desenvolvimento industrial do País. (www.iedi.org.br). Em sua carta de 11 de junho, o IEDI...



Economia








.