Ser um economista hoje em dia e basicamente da linha de Keynes via John Kicks que concluiu quando o Lehman faliu que estávamos numa armadilha de liquidez clássica com tudo o que isso implicava – é uma experiência agridoce, muito mais amarga do que doce.
A boa notícia é que o nosso modelo subjacente tem tido um bom desempenho. As taxas de juro se mantiveram baixas apesar dos empréstimos do governo; o “crowding out” (redução dos investimentos privados) tem estado completamente ausente; grandes aumentos da base monetária não provocaram grandes altas inflacionárias.
A má notícia é que os responsáveis pelas políticas no país falharam completamente e parecem determinados a não aprender as lições da experiência, histórica, ou o que vivenciamos nos últimos anos. Como diz Joe Stiglitz,
Quando a recessão começou falou-se muito e sensatamente que tínhamos aprendido as lições tanto da Grande Depressão como do longo marasmo da economia do Japão. Agora sabemos que não aprendemos uma coisa. Nosso estímulo foi fraco demais, muito rápido e não foi bem planejado. Os bancos não foram obrigados a voltar a emprestar. Nossos líderes tentaram ocultar as fragilidades da economia – talvez por receio de que, se fossem muito honestos a respeito delas, a confiança já frágil da sociedade seria totalmente corroída. Mas agora perdemos essa aposta. Hoje, a dimensão do problema está tão aparente que uma nova confiança surgiu: de que as coisas vão ficar ainda piores, sejam quais forem as medidas adotadas. E uma longa depressão parece ser o cenário mais otimista.
Robert Reich, conversando com pessoas do governo, diz que foi deliberado o foco nas questões erradas, sabendo que eram erradas.
Assim, em vez de lutar por um plano de empregos corajoso, a Casa Branca aparentemente decidiu que era politicamente mais sensato continuar lutando na questão do déficit. A ideia era manter a sociedade concentrada no drama do déficit – convencer as pessoas de que suas dificuldades econômicas atuais tem a ver com o déficit era uma forma de criticar a paralisia de Washington em resolver a situação e então clamar vitória no caso de qualquer resultado que surgisse do processo de negociação para resolver o problema. Eles esperam que tudo isso desviasse a atenção do público do fracasso do presidente em fazer alguma coisa para acabar com o alto nível de desemprego e a anemia econômica.
E na Europa, diz Kantoos Economics, a meta de inflação baixa tornou-se um ícone sagrado mesmo que todas as evidências –incluindo a experiência com o padrão ouro – digam que isso será fatal.
Eu sinceramente espero ter lido os jornais errados e não ter entendido todos esses economistas e comentaristas europeus esbravejando a respeito (ou melhor: que eu estou errado). Mas quando tento ouvir alguma coisa, o que ouço é apenas silêncio – ou então Axel Weber criticando rispidamente Olivier Blanchard. Enquanto isso, os estrategistas políticos e presidentes de bancos centrais europeus estão destruindo um dos mais fascinantes projetos da história da humanidade, a unidade e amizade entre os países da Europa. Isso vai além da depressão. Muito além.
Ainda estou tentando ver o sentido deste fracasso intelectual global. Mas os resultados não estão em questão: estamos fazendo um total imbróglio de um problema passível de solução, com consequências que vão nos assombrar nas próximas décadas.
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Mark BlaugP - A sua solução é então mais empirismo? MB - Mais empirismo, mais história, sujar mais o nariz nos dados, informar os pares, pedir opiniões, monitorar o comportamento - sim, tudo isso. P - Em todo o caso,...
E por falar em Paul Krugman, abaixo sua coluna aqui publicada pela FOLHA.
A Comissão Europeia confirmou aquilo que
todos suspeitavam: as economias estudadas pela organização estão encolhendo,
e não crescendo como dizem algumas pessoas....
PAUL KRUGMAN, no ESTADÃO, comentando sobre a velha superstição. Achei um exemplar da obra A Grande Depressão, de 1934, de Lionel Robbins, numa livraria de livros usados em Norwich. É muito revelador: sensato, repleto de tabelas e fatos, é um livro...
A Grande Depressão -
uma análise das causas e consequências
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N. do T.: A crise financeira que engolfou os países da Europa, e que vem obrigando seus governos a cortar gastos, aparentemente excitou os inúmeros...
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