«Durante os últimos 60 anos, em todas as nações economicamente avançadas, e também em muitos dos países em desenvolvimento, as mulheres passaram a participar muito mais na actividade económica, e atingiram também maiores níveis de escolaridade, em parte porque as taxas de nascimento também declinaram acentuadamente. Como resultado, as mulheres passaram a dispôr de mais tempo livre das responsabilidades domésticas. A economia americana, tal como outras economias avançadas, também se deslocaram das actividades de manufactura para as de serviços, onde sempre tem sido mais fácil às mulheres encontrar emprego. Também diminuiram as discriminações na admissão a escolas de Medicina, Direito, Engenharias e outras, provavelmente sob a pressão do crescente número de mulheres que pretendem entrar nesses domínios. Cerca de metade dos estudantes de Medicina e Direito, nos EUA, são mulheres, e a sua inscrição em programas de MBA e escolas de engenharia está também a aumentar rapidamente.
«Uma fracção maior de mulheres trabalha agora a tempo inteiro, comparativamente com o que acontecia há 50 anos atrás. (...) Maiores níveis educacionais e maior participação feminina na força de trabalho contribuiram para aumentar os rendimentos anuais das mulheres, relativamente aos homens. Algumas estimativas indicam que as mulheres ganham mais do que os maridos em mais de 30% dos lares em que ambos trabalham, e a fracção das famílias em que as mulheres são o principal sustentáculo financeiro tem crescido a uma grande velocidade.
«No entanto, as mulheres, em média, ainda ganham menos do que os homens, e estão muito menos representadas nos percentis superiores da distribuição global de rendimentos. Nas próximas duas décadas deveremos assistir à diminuição deste fosso, mas será ele eliminado? Se, como é provável, as mulheres continuarem a retirar tempo de trabalho para cuidar das crianças, e a faltar ao trabalho quando elas adoecem ou necessitam de atenção especial, isso continuará a reduzir os seus rendimentos face aos dos homens, bem como a sua representação no topo dos escalões de rendimentos.»
Gary Becker
Women's Role in the Economy