Desta vez o calor chegou com toda a força e na hora certa para não deixar desiludidos todos quantos ansiavam por uns merecidos dias solarengos, de “
papo para o ar”, nas praias, piscinas e jardins do nosso País.
Todavia, enquanto uns descansavam, muitos lutavam em condições desesperadas por conter uma das maiores ofensivas recentes dos tradicionais incêndios da época, ora provocados por negligência, ora causados por mãos criminosas que a justiça ainda não pune devidamente.
Num e outro caso, por entre as tentativas tantas vezes hercúleas para minimizar os danos em bens materiais, as ameaças a zonas habitadas e os atentados a espaços ambientalmente protegidos, repetiram-se as queixas sobre a insuficiência dos meios, a falta de coordenação das respostas, a ridícula invocação de estatísticas mais favoráveis pelos responsáveis governativos.
Saudou-se, como sempre e bem, a bravura dos bombeiros, lamentou-se a falta de medidas e atitudes preventivas e avançou-se com propostas de ressarcimento dos danos ou de penalização dos negligentes, esquecendo que, na maior parte dos casos, é o Estado ou Entes Públicos quem dá o pior exemplo…
Logo que a temperatura abrandou e que as primeiras chuvas temperaram as agruras estivais, a nossa vocação catastrófica transferiu-se para as estradas, acumularam-se os acidentes, fomos confrontados com tragédias como a que esta semana ocorreu na A25 e outras tantas – ainda que menos impactantes do ponto de vista estatístico – nos quilómetros, portajados ou não, que nos percorrem de lés-a-lés ou que levam e trazem os “nossos” aos/dos seus ofícios para lá das nossas fronteiras.
Por outros caminhos, da animação do Pontal à secura de Mangualde, acelerou-se nas palavras e aqueceu-se o tom do discurso político, lançando algum nevoeiro sobre os meses que se seguirão.
De um lado, exigiu-se o óbvio: opções claras, justas e atempadas em matéria orçamental e assumiu-se a desvinculação de uma política em que se disfarçam os contínuos e agravados descalabros do lado da despesa com a arrecadação sôfrega de receitas fiscais, a expensas das famílias e da competitividade da nossa economia.
Do outro, utilizou-se o expediente habitual (porque sempre bem sucedido até prova em contrário), da manipulação do campo mediático, da martirização política, da afirmação das “causas sociais” e dos “ideais de esquerda” que qualquer análise mais descomprometida pode facilmente desmontar.
E terá havido Verão em que os Governantes em funções mais primaram pelo disparate, ao ponto de os próprios terem de assumir sucessivos desmentidos? Os aumentos da função pública, as passagens com notas negativas, os “espiões” cujas missões são anunciadas pelos responsáveis?
Como seria de esperar, a economia também sorriu, timidamente; o desemprego estancou, como é normal na estação, mas a fuga do mercado de trabalho é também notória; as prestações sociais estão a ser reavaliadas e a permitir algumas poupanças por entre o despesismo generalizado.
Em Agosto, renovam-se anualmente as esperanças dos aficionados, prometem-se novas conquistas, e fazem-se avultados investimentos em contra-ciclo (ou deveria dizer-se contra-senso) com os passivos acumulados e as sucessivas reestruturações financeiras, que tantas vezes se assumem como péssimas opções estratégicas.
Também aqui, há espaço para o exemplo. Com os tostões contados, sob uma liderança de pulso, um discurso e postura ambiciosa e um espírito de luta indomável – que noutras esferas se poderia traduzir em esforço colectivo e produtividade – o Sporting Clube de Braga lá vai conquistando os seus milagres… e os seus milhões.
Afinal, a demonstração de que com rigor, planificação e capacidade de trabalho se consegue a “competitividade” necessária para fazer de cada mês uma Primavera.
Em Portugal, com o Outono ainda distante, resta esperar que sejam assim positivas as cores com que se vão pintar os dias que restam deste Verão.
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