Dois anos ruins.
Economia

Dois anos ruins.



Editorial de hoje d’O Estado de S. Paulo alerta para “dois anos ruins”.

O Brasil deve preparar-se para pelo menos mais dois anos de estagnação no mundo rico, aperto no mercado financeiro e comércio internacional em marcha lenta. Para atenuar o impacto da crise, o governo terá de ir além da redução dos juros básicos. Precisará conter seus gastos de custeio, cortar impostos e dar espaço ao setor privado - consumidores e empresas - para manter um ritmo razoável de atividade sem pressionar a inflação nem abrir um buraco perigoso nas contas externas. As previsões de uma fase mais difícil foram reforçadas pelas novas estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 34 dos países mais desenvolvidos. As economias desses países crescerão em média apenas 1,6% em 2012 e 2,3% em 2013. Neste ano a expansão não deve passar de 1,9%. O crescimento do comércio mundial deve passar de 6,7% em 2011 para apenas 4,8% no próximo ano. Em seguida haverá uma retomada, com aumento de 7,1%. As condições de concorrência em todos os mercados serão quase certamente muito mais duras em todo esse período.

Mas a realidade poderá ser pior que o cenário desenhado pelos economistas da OCDE. Se os governos europeus continuarem retardando uma solução para a crise das dívidas soberanas, nem as maiores economias da região ficarão livres de dificuldades muito graves. Um sinal de alerta soou na semana passada, quando o governo alemão só conseguiu vender, num leilão, 65% dos títulos oferecidos ao mercado. Além disso, também no Reino Unido a situação é pior do que se previa até há pouco tempo. O Ministério das Finanças cortou de 1,7% para 0,9% a estimativa de crescimento neste ano e de 2,5% para 0,7% a expansão projetada para 2012. Além disso, até 2015 o governo precisará obter financiamentos de 111 bilhões de libras a mais do que se calculava anteriormente.

Os Estados Unidos, também com grandes problemas fiscais, ainda crescerão bem mais do que a Europa e o Japão nos próximos dois anos, segundo a OCDE. Pelas novas contas, o crescimento americano passará de 1,7% neste ano para 2% em 2012 e 2,5% em 2013. Para a zona do euro, os números estimados são 1,6%, 0,2% e 1,4%. O Japão deverá sair de uma contração de 0,3% em 2011 para uma expansão de 2% no próximo ano e 1,6% no seguinte.

O governo americano, embora muito endividado, ainda se financia muito mais facilmente que os europeus. A demanda de ativos denominados em dólares - especialmente papéis do Tesouro - continua elevada e assim deverá permanecer por muito tempo, se não houver uma enorme surpresa. Em reunião com líderes europeus na segunda-feira, em Washington, o presidente Barack Obama declarou-se preparado para organizar alguma ajuda à Europa. No mesmo dia, a Fitch, uma das principais agências de avaliação de risco, reafirmou a nota AAA para a dívida pública americana, mas com perspectiva negativa. Apesar disso, e do rebaixamento anunciado em agosto pela Standard & Poor"s, os títulos federais dos Estados Unidos permanecem como referência para o mercado mundial.

A zona do euro já está em recessão e seu Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 1% em termos anualizados neste trimestre, segundo a OCDE. No primeiro trimestre, deverá diminuir em ritmo equivalente a 0,4% ao ano. O desastre será menor no resto do ano e o resultado médio de 2012 será uma expansão modestíssima de 0,2%.

Enquanto a crise se agrava, líderes da zona do euro continuam promovendo reuniões, apresentando esboços de planos para reforma do bloco e adiando a adoção de soluções práticas para os desafios mais urgentes. Conseguiram aprovar o aumento do fundo europeu de resgate de 440 bilhões para 1 trilhão, mas não foram capazes de pôr em funcionamento esse mecanismo. Enquanto o quadro piora, o Banco Central Europeu continua como a única entidade regional capaz de agir para atenuar os problemas. Em suas piores fases, países latino-americanos foram capazes de apresentar resultados muito mais tangíveis em seus duros programas de ajuste supervisionados pelo Fundo Monetário Internacional.



loading...

- Previsões Da Ocde
A OCDE prevê que as economias dos países da OCDE continuem a recuperar da crise de 2009/2010 projectano um crescimento do PIB real de 2,3% em 2011 - ano em que a conomia dos EUA, apesar de uma ligeira desaceleração relativamente ao ano anterior,...

- Previsões Da Ocde
As previsões hoje anunciadas pela OCDE apontam para que o PIB no conjunto dos países da OCDE caia 4,3% em 2009 e 0,1% em 2010, resultado de uma redução de 2,0% no consumo privado e de -11,0% na formação bruta de capital fixo. De acordo com estas...

- O Mundo De Tombini.
Cristiano Romero, no VALOR ECONÔMICO de 28/09/2011 escreveu sobre “O mundo de Tombini.” Nos últimos dias, motivado pela situação internacional, o mercado passou a apostar que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentaria,...

- As Perspectivas Da Economia Mundial
Ricardo Lacerda O Banco Mundial publicou na semana passada o relatório Perspectivas da Economia Global: menos volátil, mas com crescimento mais lento (edição de junho de 2013). O subtítulo sintetiza a mensagem que a instituição pretende passar...

- A Crise Da Da Dívida Na Europa Ainda Não Acabou
Crise da dívida da zona do euro está longe de ser superada--OCDE Por Robin Emmott BRUXELAS, 27 Mar (Reuters) - A crise da dívida pública da zona do euro não está superada, apesar de os mercados financeiros terem se acalmado este ano, disse a Organização...



Economia








.