Economia
Crise na Zona do Euro.
Editorial do VALOR ECONÔMICO de hoje registra
que sobe o tom do debate sobre as eventuais saídas da crise.
O debate a respeito da incompatibilidade
entre a austeridade que está sendo exigida dos países em crise na zona do euro
e a recuperação econômica ganhou fôlego nos últimos dias. Dois pesos-pesados da
economia mundial voltaram a torpedear a receita adotada pela União Europeia,
capitaneada pela chanceler alemã Angela Merkel.
O prêmio Nobel Paul Krugman, em sua coluna da
semana passada no "The New York Times", disse que, apesar de a
austeridade ser necessária, os programas "destrutivos" impostos aos
países em crise têm se revelado um fracasso catastrófico. Posição semelhante tem
o financista internacional George Soros que disse à revista alemã "Der
Spiegel" que a política de Merkel para resolver a crise é um desastre. O
problema é que a receita fica apenas na austeridade, nas ações de ajuste, o que
conduzirá os países a "uma espiral deflacionária de endividamento".
Para ele, essas medidas precisam ser complementadas por um programa de
estímulos à economia.
O ministro das Finanças Wolfgang Schäuble
saiu em defesa da posição alemã e respondeu, na mesma revista, que "quando
as políticas fiscais e financeiras estão descontroladas e os níveis da dívida e
do déficit deixam de ser sustentáveis, os métodos keynesianos para um
relançamento rápido da economia deixam de funcionar".
É exatamente essa discussão que está pondo em
dúvida o sucesso a longo prazo do pacote de resgate da Grécia, aprovado na
semana passada. O pacote prevê a injeção de € 130 bilhões em dinheiro novo,
fornecido pela troica - a União Europeia, o Banco Central Europeu além do FMI -
a juros mais baixos, o que ajudará a Grécia a diminuir a dívida pública dos
atuais 160% do Produto Interno Bruto (PIB) para 120,5% até 2020. Mas outra
parte importante é o programa de cortes de € 3,3 bilhões que Atenas se
comprometeu a fazer, que inclui a redução de 22% no salário mínimo e de
pensões. A receita da União Europeia à Grécia pressupõe que o PIB do país terá
que reagir, saindo de uma contração de 4,5% neste ano e estagnação em 2013. No
entanto, a própria Comissão Europeia acaba de divulgar em suas previsões que a
Grécia enfrentará o quinto ano de retração, com um encolhimento de 4,4%, depois
dos 6,8% de 2011.
Com as medidas de austeridade previstas no
pacote, não se espera outra coisa no próximo ano. O desemprego, que chega perto
de 20%, deve aumentar porque cerca de 150 mil postos serão extintos nos
próximos três anos. A recessão fez com que o governo grego elevasse sua
projeção para o déficit fiscal do país neste ano de 5,4% para 6,7% do PIB.
Paradoxalmente, se a queda do PIB for maior do que pressupõe o plano, a troica
terá que exigir mais austeridade.
Outros países submetidos a programas de
ajuste estão na mesma encruzilhada. A Espanha está pedindo à União Europeia
para flexibilizar o compromisso de reduzir o déficit fiscal a 4,4% neste ano,
quase a metade dos 8% de 2011. Com o enfraquecimento da economia, o governo
espanhol acredita que o déficit fiscal deste ano ficará em 5% do PIB, na melhor
das hipóteses. Segundo a Comissão Europeia, a economia espanhola vai encolher
1% depois de ter crescido meros 0,7% em 2011.
Portugal também receia não conseguir reduzir
o déficit fiscal de 6% para 4,5% do PIB neste ano. Depois de ter encolhido 1,5%
em 2011, a economia portuguesa deve ter o pior desempenho da região depois da
Grécia, com uma retração de 3,3%, e já se fala na necessidade de um novo pacote
de socorro para o país.
Em reunião preparatória para o encontro dos
ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, realizado no
fim de semana no México, o secretário-geral da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, alertou para a necessidade de
reformas estruturais para estimular o crescimento e criar empregos. Em
comunicado emitido ao final da reunião, a diretora-gerente do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que as grandes nações não podem
deixar de lado a preocupação em restaurar o crescimento global enquanto
discutem o reforço dos fundos de resgate de países.
A receita da UE para enfrentar a crise
claramente manca de uma perna: traz um alívio temporário, mas não garante a
solução dos problemas de longo prazo. É preciso que seja complementada com
medidas que estimulem a competitividade dos países em crise, não só com redução
de salários e de preços, mas com alternativas de recuperação da economia.
loading...
-
Notícias Da Grécia Nada Animadoras
O Wall Street Journal publica que os enviados da União Europeia à Grécia consideram que as medidas planeadas apenas conduzem a uma redução do défice de cerca de 2 pontos percentuais e estão a pressionar no sentido de um pacote adicionla de 4 mil...
-
A Crise Do Euro.
Nestes dias de trabalhos extras e com o prazo no limite, não posso deixar órfãos aos meus quase dois atentos e fiéis leitores, principalmente devido à grave situação pela qual passa o EURO. Diante disso, deixo-os na companhia do colega LUIZ CARLOS...
-
Por Que A Grécia Preocupa Tanto? Por Fábio Biral Da Miura Investimentos
As Bolsas do mundo todo tem sofrido demais nas últimas semanas com a expectativa de que a Grécia abandone a Zona do Euro. O país representa apenas 2% do PIB da zona do euro e é um mercado pequeno para as exportações dos outros países da união...
-
Dilma Confusa
Em discurso, Dilma dá receita para superar crise europeia
A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira a combinação de medidas de austeridade fiscal e de incentivo ao crescimento econômico como receita para superar a atual crise econômica...
-
Para OCDE, pacote da UE é de solução de curto prazo Em quinta-feira 27/10/2011
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, afirmou hoje, em Brasília, que as linhas gerais do pacote...
Economia