Por que a Grécia preocupa tanto? Por Fábio Biral da Miura investimentos
Economia

Por que a Grécia preocupa tanto? Por Fábio Biral da Miura investimentos




As Bolsas do mundo todo tem sofrido demais nas últimas semanas com a expectativa de que a Grécia abandone a Zona do Euro. O país representa apenas 2% do PIB da zona do euro e é um mercado pequeno para as exportações dos outros países da união monetária, então, qual o perigo real? Primeiro, a Grécia não é o único risco de romper a zona do euro na sua forma atual. Portugal tem um pacote de socorro que só dura até o final deste ano e a ajuda à Irlanda também não dura muito mais. Analistas duvidam das chances de Lisboa e Dublin serem capazes de se financiarem num futuro próximo. 

Ao mesmo tempo, a barreira de proteção de € 500 bilhões da Europa contra crise é considerada insuficiente para evitar o contágio de uma saída da Grécia a outros países. Se a situação piorar, analistas apostam que Espanha e Itália é que serão os focos a serem protegidos e não outros periféricos em crise. A saída da Grécia da zona do euro se torna uma possibilidade admitida agora também pela diretora-geral do FMI, Christine Lagarde. "Se os compromissos assumidos não forem respeitados, uma saída ordenada seria uma possibilidade, algo que seria extraordinariamente custoso e apresentaria grandes riscos, mas que faz parte das opções", disse ela ontem. 


Os eventos na Grécia demonstraram que mesmo a recente reestruturação da dívida e sucessivos pacotes de socorro não conseguiram atenuar as gigantescas dificuldades econômicas do país. Também está claro que as ações de liquidez do BCE não resolvem problemas mais sérios de economias da periferia europeia, como a crônica falta de competitividade e o gigantesco endividamento. No mercado financeiro, a impaciência cresce. E uma avaliação comum é de que o efeito direto, econômico e financeiro, de uma saída da Grécia da zona do euro não será catastrófico. O real perigo é mesmo o contágio. O impacto econômico direto é considerado pequeno. As consequências financeiras são bem maiores. Primeiro, Atenas será levada a decretar calote da Grécia sobre grande parte dos € 110 bilhões de socorro fornecido por governos europeus e pelo FMI. O Banco Central Europeu também sofrerá perdas por seus empréstimos e compras de títulos gregos. Além disso, é provável o colapso de vários bancos gregos e o calote por parte de devedores no país, incapazes de honrar seus compromissos após uma forte desvalorização da moeda. E isso atingirá bancos da zona do euro, mesmo se eles vêm reduzindo sua exposição no país. Ministro de Finanças da França até ontem, François Baroin exemplificou que a saída da Grécia do euro custaria € 50 bilhões ao governo francês, além dos títulos que bancos e seguradoras do país ainda carregam em seus portfólios.

 As atenções voltam-se para Portugal e Irlanda. Portugal continua enfrentando custos proibitivos para pegar recursos no mercado, pagando juros de 11% para títulos de dívida de dez anos. Por sua vez, a Irlanda conseguiu baixar o prêmio sobre seus títulos, mas continua ameaçada. Após ter registrado o crescimento mais rápido na zona do euro no primeiro semestre de 2011, voltou em seguida a cair na recessão. Seu déficit público agora é de 10% do PIB, o maior da zona do euro. É nesse cenário que a zona do euro poderá ter de examinar mais medidas, como planos de socorro maiores, reformas para impulsionar o crescimento e em direção da união fiscal completa. Mas o acordo fiscal negociado no ano passado, e que Angela Merkel reluta em alterar, não fornece um quadro para transferência fiscal. E os principais países tampouco parecem dispostos a colocar muito mais dinheiro em pacotes de socorro para as economias em crise.

Fábio Biral - Miura Investimentos



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