Coisas que Incomodam: Crises Financeiras e Bancos Centrais
Economia

Coisas que Incomodam: Crises Financeiras e Bancos Centrais


Por sugestão e motivação do Shikida, no blog de economia mais lido do país, o Degustibus, vale a pena discutir o papel dos bancos centrais no combate à inflação e transferências a bancos ineficientes.

Em primeiro lugar, é verdade que recentemente preços de commodities (tanto petróleo e minérios quanto alimentos) estão se elevando drasticamente. O que está ocorrendo são mudanças de oferta e demanda: do lado do petróleo, a produção dos países da OPEP não está aumentando, enquanto que a produção não-OPEP tem previsão de queda para 2008 (México, EUA, Inglaterra, Noruega e Rússia). Na agricultura, secas e más políticas têm estagnado ou até mesmo reduzido a produção, levando a demandas por mais protecionismo. Do lado da demanda, o rápido crescimento dos mercados emergentes tem pressionado a demanda para cima. O problema é que não há muito que bancos centrais possam fazer para conter essas mudanças de preços relativos. Em outras palavras, o núcleo de inflação permanece estável, mas preços ao consumidor estão subindo mais rapidamente. Aí surge um dilema para bancos centrais: conter inflação de preços nessa situação exige promover, no curto prazo, algum desaquecimento econômico. Mas os problemas das principais economias são distintos: o Banco Central Europeu tem como principal preocupação conter a aceleração da inflação e não acredita em desaceleração econômica na Europa (provavelmente em função do impulso externo vinculado ao bom desempenho de mercados emergentes); o FED está envolvido na contenção da crise financeira originada no mercado subprime e na perspectiva de uma recessão doméstica, enquanto que inflação e contenção da queda do dólar parecem ser prioridades menores.

Sobre a atuação de Bancos Centrais em crises financeiras, vale a pena lembrar que o papel fundamental dos BC's como emprestador de última instância pode induzir (na prática, realmente induz) maior risco na atividade bancária, seja pela doutrina "banco grande demais para quebrar", seja pela nova doutrina do Bernanke rotulada de "banco muito inter-conectado para quebrar". Mas o fato é que sistemas financeiros têm uma propensão interna à crises - o motivo é o descasamento de maturidades de ativos e passivos de bancos - , que podem transbordar para a economia real, no caso de falências bancárias e desintermediação financeira. Assim sendo, a atuação dos Bancos Centrais se faz necessária.

O problema todo é ter que conviver com os dilemas de política: estabilidade de preços vs. estabilidade do produto e estabilidade financeira vs. maior risco. O problema é maior ainda pois Bancos Centrais têm apenas um instrumento, a política monetária, para lidar com esses dois dilemas.



loading...

- Calma Financeira ... Até Ver
Após três dias de alta tensão em pânico geral, parece ter regressado alguma calma aos mercados com a decisão dos bancos centrais de injectar - BCE, Reserva Federal e bancos centrais do Japão, Canadá e Suíça - 180 mil milhões de dólares. As...

- Bancos Centrais No Banco... Dos Réus
Joseph Stiglitz, Nobel e professor na Universidade de Columbia: os bancos centrais perderam o foco e o controlo da gestão da economia. Focaram-se demasiado na inflação, fizeram más avaliações e não anteciparam que a bolha imobiliária nos EUA ia...

- Raízes Da Crise Nos Mercados Financeiros
Da coluna de Yoshiaki Nakano, na edição de hoje do Valor Econômico: "Com a pressão deflacionária exercida pela forte expansão da capacidade produtiva global e integração ao mercado internacional de centenas de milhões de trabalhadores chineses,...

- Errando Conscientemente?
De modo geral, os bancos centrais fazem política monetária observando duas variáveis – o PIB e a inflação. Partindo para um ponto de vista mais específico, o Fed (BC dos EUA) possui obrigações com o congresso americano de maximizar o emprego...

- Raízes Da Crise Nos Mercados Financeiros
Da coluna de Yoshiaki Nakano, na edição de hoje do Valor Econômico: "Com a pressão deflacionária exercida pela forte expansão da capacidade produtiva global e integração ao mercado internacional de centenas de milhões de trabalhadores chineses,...



Economia








.