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Depois do choque fiscal (proposta do PSD para uma redução dos impostos sobre as empresas) a campanha dos dois maiores partidos centra-se agora em torno do "choque tecnológico" (PS) e do "choque de gestão" (PSD).

No caso do "choque tecnológico" parece tratar-se de uma repescagem da "estratégia de Lisboa" (estratégia europeia do tempo da nossa presidência da UE - governo Guterres) e tem ar de coisa virada para as "Novas Fronteiras".

O "choque de gestão" (diminuição acentuada do "peso do Estado" em termos de despesa) é parecida com a proposta recente de Miguel Cadilhe, que advogou algo semelhante para a despesa pública primária.

Qualquer destas propostas de "choque" tem impactos negativos líquidos no emprego. No entanto, simultaneamente, as propostas são acompanhadas de promessas de criação de mais emprego: é a quadratura do circulo. No entanto, qualquer delas pode mais tarde vir a ser quebrada, com muita facilidade, utilizando outros argumentos (do tipo "a conjuntura não permitiu", ou "não quizemos aumentar o desemprego", etç.) O choque tecnológico ne sequer vem acompanhado de metas: é a promessa eleitoral mais fácil de quebrar, sem custos políticos. A proposta de redução da despesa pública é mais ousada nesse contexto.

Creio que seria mais proveitoso para o país que se fixassem metas relativas à produtividade e à competitividade externa. Neste momento são conceitos que os portugueses (incluindo muitos "economistas") não percebem sequer o que é - e a sua inclusão na agenda eleitoral teria a vantagem de proporcionar o seu esclarecimento em termos "populares". A discussão sobre o peso do Estado é simplesmente estéril: pode-se diminuir o peso do Estado com desorçamentação, criação de empresas públicas ou SAs e ficar tudo na mesma. As metas para o desemprego são igualmente inúteis: pode aumentar-se o emprego e dimuir o desemprego sem verdadeiramente melhorar o desempenho económico.

Esta ideia dos "choques", por outro lado, parece ser apenas mais uma roupagem de marqueting, uma moda - tal como, há um tempo atrás, houve a moda dos manifestos, aparentemente originários da famigerada "sociedade civil". Mas quanto a isto pouco há a fazer. As palavras foram feitas para ser usadas - e gastas.



Adenda - descobri que do programa do PSD faz parte a produtividade: proposta de a aumentar, "dos actuais 64% da média europeia para 75%, no final da legislatura".



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