Economia
Bases para crescer em 2013.
No editorial do ESTADÃO, a leitura do atual momento econômico visando 2013.
Prometido
pelo governo, o crescimento econômico de pelo menos 4% no próximo ano parece
garantido, se depender do consumo. As famílias continuam com boa capacidade de
compra, sustentada pelo emprego elevado e pelo aumento da renda média e da
massa de rendimentos, como acaba de confirmar mais uma vez o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o reforço do crédito ainda
vigoroso, os brasileiros continuarão indo às compras neste semestre e, se
outros fatores ajudarem, a economia poderá retomar um bom ritmo de expansão
antes do fim do ano. Mas a boa disposição dos consumidores é apenas uma das
condições necessárias para o aumento geral do nível de atividade. Falta ver se
a indústria será capaz de atender à demanda interna e de retomar o espaço
perdido, nos últimos anos, para os concorrentes de fora.
Do
lado do consumo, os dados são claramente positivos, como têm sido quase
invariavelmente há alguns anos. As condições do mercado de trabalho permanecem
muito favoráveis, nas seis áreas metropolitanas cobertas pela pesquisa do IBGE,
embora a economia esteja em marcha lenta há mais de um ano. No mês passado, a
desocupação ficou em 5,3%, praticamente sem variação em relação a julho (5,4%)
e bem abaixo do nível observado em agosto de 2011 (6%). Nas seis regiões, o
rendimento médio habitual dos trabalhadores foi 1,9% maior que o do mês
anterior e 2,3% superior ao de agosto do ano passado. Como consequência da
criação de empregos e da elevação do rendimento médio, a massa dos ganhos da
população ocupada aumentou 2,3% de julho para agosto e foi 3,6% maior que a de
um ano antes.
Com
o crédito ainda em expansão e alguma redução da inadimplência, os consumidores
continuam com elevado potencial de compra. Os últimos dados gerais sobre o
varejo, referentes a julho, mostram um cenário positivo. O volume de vendas do
comércio varejista cresceu 1,4% de junho para julho. Nesse mês, foi 7,1% maior
que o de igual mês do ano anterior. O total acumulado em 12 meses foi 7,5%
superior ao dos 12 meses anteriores.
O
varejo ampliado (com veículos e material de construção) recuou 1,5% em julho,
porque as vendas de automóveis diminuíram 8,9% depois de um crescimento
espetacular de 23,9% no mês anterior. No acumulado de 12 meses, o volume
vendido pelo varejo ampliado foi 5,9% maior que o do período precedente.
Apesar
da vigorosa demanda de consumo, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro
semestre foi só 0,6% maior que o de janeiro a junho de 2011. Mesmo com alguma
recuperação, o crescimento médio do ano dificilmente passará de 2%, em nova
estimativa do governo (a anterior era de 3%). A mediana das projeções do
mercado coletadas pelo Banco Central no dia 14 havia chegado a 1,57%. Será o
segundo ano de estagnação. Em 2011 o PIB aumentou só 2,7%.
Esses
números refletem principalmente o mau desempenho da indústria. O mercado
interno tem crescido, mas a indústria de transformação vem sendo afetada, há
anos, por desvantagens crescentes diante da concorrência. Durante anos, o
governo atribuiu as dificuldades do setor principalmente à valorização do real
- fator de encarecimento dos produtos nacionais e de barateamento dos
importados - e aos juros altos. Mas o real desvalorizou-se desde o ano passado,
os juros caíram e as exportações empacaram, enquanto as importações continuaram
vigorosas. Além disso, o crédito para investimentos já era barateado por
subsídios. Mas têm ocorrido novidades promissoras.
A
presidente Dilma Rousseff decidiu dar menos ênfase ao discurso costumeiro e
cuidar mais da produtividade geral da economia e das condições de competição da
indústria. O governo deu um passo além dos estímulos pontuais e temporários e
anunciou políticas de redução de custos. É cedo para dizer se essas medidas
permitirão à empresa brasileira, em poucos meses, acompanhar mais de perto a
expansão da demanda interna. Os sinais são positivos e o índice de confiança do
empresário industrial, medido pela confederação do setor, subiu em setembro
pelo segundo mês seguido e superou o de um ano antes.
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