Barreiras policiais
Economia

Barreiras policiais


Suponha a seguinte situação:

Você está passeando com a sua alma gêmea pela Cidade Baixa à noite, procurando algum boteco onde a cerveja custe menos de R$ 3,50 (sem que isso implique a nem sempre proveitosa companhia de mendigos) quando, subito, se defronta - em plena calçada e sem razão aparente - com uma fila de transeuntes. Além da fila, você vislumbra meia dúzia de policiais revistando meticulosamente cada um dos pedestres. Sem entender muito bem, você cutuca o sujeito que está na sua frente.

- E aí, meu velho, que que tá rolando aí?
- Ah... Parece que, como a criminalidade tá muito alta por estes lados, a polícia agora está fazendo essas blitz na calçada, procurando armas, canivetes e essas coisas, saca...
- Hmm...

Você olha pra sua companhia com ar um tanto constrangido (afinal, ninguém gosta de ser encarado como delinqüente) e se resigna, pacientemente, a esperar a sua vez de ser revistado.

Esta situação é análoga a que as blitz e barreiras realizadas devido à Lei Seca submetem os motoristas.

A maior diferença é que seria mais razoável praticar essas blitz em pedestres do que em motoristas, uma vez que a chance de uma pessoa ser assaltada em nosso país é maior do que a de se envolver em um acidente de trânsito (e também porque imagino que o propósito de todo governo é combater os males maiores antes dos menores).

De qualquer forma, em ambos os casos, temos a restrição do direito de ir e vir, um cerceamento à liberdade do indivíduo.

Fique claro, minha crítica não é quanto ao rigor da nova lei, muito embora acredite que o limite de consumo de álcool imposto pela lei anterior já era bastante razoável; meus questionamentos se voltam para a forma como a fiscalização vem sendo executada, tratando cada motorista como um criminoso em potencial.

Nas calçadas, nunca vi nenhum policial abordar pedestres sem que houvesse razão para tal. Os políciais costumam parar somente aqueles que, pelo seu critério, possam estar envolvidos em práticas criminosas.

No trânsito, o critério deveria ser o mesmo. Os policiais ficariam postados em determinados pontos, discretamente, observando o fluxo. Ao detectarem algum carro sendo guiado de forma irregular, fazendo barbeiragens ou em velocidade acima da permitida, parariam este veiculo e abordariam seu motorista, realizando as checagens pertinentes.

Dessa forma obteríamos resultados semelhantes àqueles que vêm (?) sendo alcançados em decorrência das barreiras - uma vez que a possibilidade de estar no campo de visão de um policial desestimularia o motorista a encher a cara antes de dirigir - sem ter que partir do pressuposto que cada motorista é um criminoso.



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