Economia
Árabes x Israelenses (Algo mais sobre...) - Por Renato Couto do Blog Se 1 Ler tá bom
Uma abordagem, deixando de lado o viés religioso e a intolerância difundida entre os dois lados, tanto árabes muçulmanos e israelenses, onde ambos possuem sobras, façamos a pergunta: “Qual a importância do petróleo”?
O óleo e seus derivados, são empregados em quase todas as atividades humanas, seja da gasolina, que faz mover os automóveis, aviões e outros motores, à nafta, que serve ao diesel, de caminhões e das automotrizes e àqueles gigantescos propulsores dos navios. Do petróleo, pode-se obter até eletricidade: nas centrais termoelétricas, os dínamos que produzem energia são acionados também pelo óleo negro. Asfaltos e os betumes são empregados na construção de rodovias, mas não é tudo: do petróleo obtém-se, hoje, até matérias plásticas. E isso é só um pouco, afinal, quase tudo a nossa volta cheira a petróleo e seus derivados, se não diretamente, com certeza indiretamente.
Desta forma, assim como o ouro do Brasil acabou em Londres, nosso minério nos EUA e nosso café na Alemanha, o petróleo do Oriente Médio, responsável por quase 64% (quadro 1) das reservas comprovadas no mundo, suscitam a cobiça, não só dos países dependentes, porque todos somos, mas dos países que detêm o poder, ocorrendo um agravante, vejam no quadro dois, que se todos dependem, um país depende mais do que os outros, sendo este, notoriamente, o país com mais força do cenário mundial.
Se na antiguidade tínhamos os bravos Templários como defensores da fé católica (e das rotas comericiais - claro) junto ao Oriente bárbaro e pagão, hoje temos os valorosos Marines defendendo nossa preciosa liberdade (e também os objetivos do Grande Capital).
Delineamos então o governo dos EUA como o principal interessado nas reservas do Oriente Médio (vide Quadro 2, onde o americano consome um elefante de petróleo por ano!), traçando uma política tanto junto a Israel como a países Árabes (os sauditas e os emirados do Golfo Pérsico). Rezando sempre na cartilha estratégica de Maquiavel (acho que antes dele, Alexandre "O Grande" também tinha essa estratégia) , “conquistar com a política e a diplomacia é sempre preferível que conquistar pela guerra”, ou seja, é melhor deixar um Estado intacto do que destruí-lo, apesar de que em situações recentes, na visão americana, não houve alternativa, ou melhor, houve também a possibilidade de auferir ganhos espressivos para a indústria bélica, conhecida sócia do Pentágono no desenvolvimento de tecnologia.
Se hoje temos os EUA como principal potência mundial, em relação a região, vemos que antes da Segunda Guerra, havia uma preponderância inglesa e francesa, sendo que após a Segunda Guerra, há uma divisão de poder entre os EUA e a URSS, com a hegemonia americana acontecendo pós a dissolução da URSS.
Porém, não podemos apenas ter uma visão maniqueísta deste conflito, colocando os EUA e as grandes potências, como grandes vilões, Camargo coloca com bastante propriedade que existe um “leitmotiv próprio e poderoso”, porém, este foi e continua sendo utilizado numa estratégia de conveniência da desagregação entre árabes e israelenses, numa política de conquistar pela mesma. Imaginem o incomodo que seria um Oriente Médio, unido e forte, dono das maiores reservas e capaz maximizar a rentabilidade, impondo preço de monopólio ao resto do mundo?
As batalhas sucedem desde a criação do Estado de Israel em 1948, precisamente no dia seguinte, assim, fica clara a dificuldade de qualquer acordo.
Amóz Oz escreveu que seria necessário um compromisso doloroso, porque ambos os povos amam o país, com ambos possuindo raízes históricas e emocionais, porém, se os principais interessados não quebrarem este poderoso paradigma da intolerância, não serão os EUA e Europa que ajudarão de forma efetiva. A estes basta não haver guerra, porém que haja conflitos.
Referências:
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Rio de janeiro: Saraiva, 2010.
CAMARGO, Cláudio. In: MAGNOLI, Demétrio (organizador). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2003.
OZ, Amós. Contra o fanatismo. Rio de janeiro: Ediouro, 2004.
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