Economia
Alexandre Schwartsman: direito a liberdade de expressão aos economistas de todas as escolas.
Leio na VEJA matéria sobre o economista Alexandre Schwartsman, citado pela revista como um dos críticos mais mordazes
do governo.
Segundo a VEJA, em artigos, entrevistas e nos relatórios distribuídos aos clientes
de sua consultoria, ele desanca com ironia (nem sempre fina) os descaminhos da
política econômica que resultaram no estado de crescimento baixo e inflação
elevada. “Volta, pibículo!”, pediu ele em sua coluna na Folha de S.Paulo, na semana
passada, saudoso dos tempos em que o crescimento não era espetacular, mas ao
menos não havia recessão. A atual diretoria do Banco Central (BC) merece, com
frequência, comentários ásperos por ter, segundo ele, “jogado a toalha” no que
se refere ao objetivo de manter a inflação próximo da meta de 4,5%. Para o BC,
entretanto, Schwartsman ultrapassou os limites da análise econômica em
declarações que apareceram em duas entrevistas divulgadas neste ano. Em uma
delas, publicada pelo Brasil
Econômico de 27 de janeiro, o economista disse que “o BC é
subserviente e submete-se às determinações do Planalto” e “é só olhar para a
gestão do BC para saber que é temerária”. Em outra entrevista, ao Correio Braziliense de 27 de
abril, declarou que “o BC faz um trabalho porco e, com isso, a incerteza
aumentou”. O procurador-geral do BC, Isaac Sidney Ferreira, considerou os
comentários ofensivos à imagem da instituição e apresentou, na Justiça Federal,
uma queixa-crime contra Schwartsman, sob a acusação de difamação, delito
previsto no artigo 139 do Código Penal. A pena pode chegar a um ano de
detenção, mas, por se tratar de um crime contra funcionário público, pode ser
acrescida em um terço. Na petição, encaminhada em maio, o procurador-geral
argumenta que o economista excedeu, “em franca e deliberada demasia, o seu
direito de expressão, ao fazer declarações nocivas à reputação do Banco
Central”.
Uma audiência de conciliação foi marcada para 20 de agosto. O
advogado de Schwartsman, Jair Jaloreto, sustentou que seu cliente “jamais teve
a intenção de difamar alguém nem instituição alguma” e apenas “expressou sua
opinião como expert em economia e finanças, calcada em fatos e dados”. Por
isso, não aceitava fazer nenhuma retratação. A juíza federal Adriana Delboni
Taricco decidiu-se por rejeitar a queixa-crime. Na sua avaliação, as críticas
“de fato se mostraram bastante contundentes, porém faz-se necessário salientar
que não ultrapassaram os limites do mero exercício de sua liberdade de expressão”.
Schwartsman, de 51 anos, ocupou uma diretoria no BC durante
três anos, no governo Lula, e foi colega do atual presidente da instituição,
Alexandre Tombini. Para o seu advogado, o processo contra o economista teve
motivação política, sob o intuito de intimidar “vozes críticas”. “Felizmente,
os poderes constituídos conseguem resistir de forma independente”, disse
Jaloreto. O procurador Ferreira negou o caráter intimidatório. “O BC sempre
terá pleno respeito ao direito de crítica, mas nunca havia deparado com
insultos nem assaques desse tipo”, afirmou ele a VEJA. “Não se trata de uma
crítica técnica, a qual é sempre bem-vinda. Entendemos que houve crime contra a
honra da instituição”, completou, não descartando a possibilidade de recorrer
da decisão.
O BC tem o direito de se ofender. Mas, ao processar seu crítico,
sujeita-se a uma inevitável e pouco abonadora comparação. Em julho, uma
analista do Santander foi demitida depois de ter divulgado um relatório em que
afirmava que o fortalecimento de Dilma Rousseff nas pesquisas seria negativo
para o investimento em ações.
Ao Alexandre Schwartsman, o apoio deste blog e, com certeza, de toda a classe de economistas que acreditam na ciência econômica e na liberdade de expressão.
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