«Em 1965, o homem médio [nos EUA] gastava 42 h por semana a trabalhar no escritório ou na fábrica; se juntarmos pausas para café, para almoço, e deslocações de e para o trabalho, atingem-se as 51 horas. Actualmente, em lugar destas 42 e 51 horas, gasta 36 e 40. E onde ocupa ele o tempo livre extra? Uma pequena parte em compras, outra pequena parte em trabalhos domésticos, e uma grande parte a ver TV, ler o jornal, ir a festas, descansar, ir a bares, jogar golfe, navegar na Net, visitar amigos e praticar sexo. No conjunto, dependendo do que se considerar, tem mais 6 a 8 horas por semana para lazer: o equivalente a nove semanas extra de férias por ano.
«Quanto às mulheres [nos EUA], o tempo que gastavam no emprego ia de 17 a 24 horas por semana. Com pausas e deslocações, os valores sobem para 20 e 26 h, respectivamente. Mas o tempo gasto em tarefas caseiras desceu de 35 horas por semana para 22, um ganho líquido de 4 a 6 horas, ou o equivalente a 5 semanas de férias extra.
«Uma pequena parte destas mudanças deve-se a factores demográficos: o americano médio é mais velho e tem menos filhos, actualmente, por isso não surpreende que trabalhe menos. Mas mesmo quando se comparam os modernos americanos com a mesma dimensão familiar, idade e nível educacional, os ganhos continuam a ser da ordem das 4 a 8 horas por semana, qualquer coisa como 7 semanas extra de férias por ano.
«Mas não acontece assim com todos. Cerca de 10% continuam em 1965, em temos de tempo de lazer. No extremo oposto, outros 10% ganharam umas espantosas 14 horas por semana, ou mesmo mais. Dum modo geral, os maiores ganhos de tempo de lazer foram precisamente para aqueles com rendimentos mais estagnados — ou seja, os menos capacitados e com menor nível educacional. Simetricamente, os menores ganhos de tempo de lazer concentram-se nas pessoas com maior nível educacional — o mesmo grupo que teve os maiores ganhos de rendimento.
«Aguiar and Hurst [autores do paper Mesuring Trends in Leisure] não conseguem explicar esta crescente desigualdade, tal como ninguém consegue explicar totalmente a crescente desigualdade nos rendimentos.»
Steven E. Landsburg, Slate
"The Theory of the Leisure Class"