7,25%.
Economia

7,25%.



Li recentemente na FOLHA, Antonio Delfim Netto e sua análise da última decisão do Copom.

O exercício da política econômica é, por sua própria natureza, um fato datado e incerto. Datado pelo conhecimento acumulado ao longo dos anos, de que seu agente se supõe portador. Incerto porque necessariamente envolve uma perspectiva sobre o ambiente interno e externo em que ela se executará.


O problema técnico encontra o seu limite no conhecimento do agente. Depois, trata-se de uma decisão tomada entre prospectivas razoáveis construídas pela imaginação e a cuja realização pode-se, apenas, atribuir uma probabilidade subjetiva.

Um exemplo parcialmente típico dessa situação foi enfrentado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, quando decidiu, por 5 votos a 3, reduzir a taxa Selic de 7,5% para 7,25%, "porque o cenário prospectivo para a inflação ainda comportava um último ajuste nas condições monetárias".

Os membros que votaram contra "entenderam que não era necessário mais um corte de juros para garantir a melhora do crescimento econômico", pois o cenário não o recomendava.

Não parece ter havido nenhuma divergência técnica. Podemos supor, com toda razoabilidade, que os oito votantes têm formação profissional competente, colhida em excelentes academias, nenhuma das quais se pode classificar como heterodoxa ou ideologicamente muito diferente.

A mais importante diferença talvez seja a da probabilidade subjetiva que cada um atribuiu ao que supõe será o desenvolvimento da economia mundial no futuro próximo.

Os vencedores apostaram na prospectiva que sugere que a fragilidade e as incertezas que dominam a economia mundial serão mais prolongadas do que se supõe e terão algum efeito "desinflacionário" sobre a doméstica.

Os perdedores apostaram na prospectiva de que os efeitos das medidas já tomadas pela política econômica (fiscal, monetária e cambial) não esgotaram os seus efeitos e que, portanto, mais uma queda marginal dos juros não era necessária para garantir a volta ao crescimento. Estes, talvez, tenham sido atendidos com o registro de que seria o "último ajuste (...) por um tempo suficientemente prolongado" nas condições monetárias.

O que o Banco Central não explicita é que sua hipótese, se verdadeira, ajudará a elevar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ao mesmo tempo em que fará a inflação convergir para a sua meta.

Temos a impressão (não é nada mais do que isso) de que a prospectiva dos vencedores tem maior probabilidade de realizar-se, mas isso só o tempo revelará. Não a teoria ou a ideologia. 



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