Economia


Ideologia importa?

Leio duas notícias hoje que me são estranhas quando comparadas. Primeiro, no O Globo, Merval Pereira fala de uma pesquisa conduzida por um tal Instituto da Cidadania clamando serem os jovens de hoje menos politizados (*).

Por outro lado, na Zero Hora, leio que o MST quer abrir uma universidade. Já está quase abrindo uma em São Paulo.

Claro, o MST ou o Partido Nazista abrirem uma faculdade para ensinarem informática é algo que realmente não vejo com maus olhos. Mas o engraçado é que o MST está apenas ampliando sua ação a partir de um experimento próprio que já existe há algum tempo: a escola Josué de Castro. Vejam alguns itens do currículo da escola.

Os alunos da Josué de Castro são internos, pinçados geralmente entre filhos de acampados do MST que mostram liderança. Recebem aulas teóricas pela manhã, práticas à tarde e discutem política e ideologia à noite.

Os estudantes recebem, entre outras, noções sobre Lutadores do Povo, pessoas que pregaram revoluções no campo, como Che Guevara, Fidel Castro e Augusto Sandino. Em setembro de 2000, durante a Semana da Pátria, os alunos desta escola do MST realizaram no desfile uma homenagem à extinta União Soviética, onde proliferavam cartazes saudando a revolução russa e estandartes com a figura de Vladimir Lênin. As manifestações assustaram parte da comunidade de Veranópolis, mas a escola continua em pleno funcionamento e com apoio de parte da população.


Como se percebe, as diretrizes educacionais da escola não seguem o padrão das outras escolas brasileiras. Aliás, para meu desconforto, o que leio acima se parece muito com o que militares golpistas diziam existir na esquerda brasileira da época (e existia mesmo). Nada contra o sujeito reverenciar assassinos como Lenin ou Guevara (eu disse nada contra?). Mas porque tanto recalque se o nome do assassino for Hitler? Há, no RS, uma herança autoritária forte, inclusive, no que diz respeito aos nazistas.

Quanto ao recalque, se o socialismo real errou, basta que observemos o nazismo real. E aí, meu amigo leitor, eu fico com o capitalismo real que é mais livre de ideologias mesmo.

O que não entendo é porque o MEC cobra de universidades privadas que tenham "políticas sociais" e, ao mesmo tempo, querem que eu acredite que a diversidade de políticas educacionais é algo válido. Vale dizer: só vale diversidade se ela for, digamos, em tons socialistas?

Se é para valer, o bom seria que o governo desse mais liberdade a empreendedores do setor de ensino e respeitasse mais a Constituição: liberdade de opinião, sim (nazistas, socialistas, etc), desde que respeitada a propriedade privada alheia (o que inclui o próprio corpo, ou seja, nada de agressão física). Por exemplo, um empresário liberal deveria ter o direito de excluir Karl Marx do seu currículo mínimo ou de ensinar história sem a necessidade de reverência a assassinos como Fidel ou Lenin.

E como fica o Provão do Ensino Médio para uma escola como esta, que o MST propõe? Aliás, minha curiosidade me faz perguntar: (i) quem faz as provas do Ensino Médio no RS? (ii) como foi o desempenho dos alunos da Josué de Castro no último exame? (iii) qual o nível de analfabetismo funcional entre seus alunos antes e depois de saírem da escola? (iv) o ensino da Josué de Castro é plural? Alunos protestantes ou judeus têm suas opiniões respeitadas em aulas de forte conteúdo ideológico? Finalmente, (v) a legislação permite que eu abra uma escola de ensino médio para ensinar as pessoas sob minha exclusiva ótica ideológica? Ou isto só vale para o MST?

Algum leitor sabe mais sobre isto?

Nota: (*) Após colocar este post no blog, fui em busca do Instituto. Encontrei um site que está "sendo reformulado". Para minha felicidade, havia um link para um tal "Projeto Juventude". Na página do mesmo não encontrei os patrocinadores do Instituto, mas a seção de links me pareceu esclarecedora: União da Juventude Socialista, MST, UNE, UBES, etc. Vale dizer: o Instituto tem uma vinculação ideológica clara (embora não mostre seus patrocinadores na homepage) que Merval ignorou na matéria.



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