Economia
Perguntinha
Conversei, na semana última, com alguns profissionais de jornalismo. O assunto foi o das famosas assessorias de comunicação. Como o nome indica, trata-se de alguém que te assessora em sua comunicação com alguém, normalmente um jornal ou revista, para não fazer uma lista muito longa...
Ok, alguns pontos para a reflexão dos leitores que também são jornalistas ou que queiram discutir este ponto.
1. Existe o direito de livre-expressão. Não é irrestrito e é papel do assessor te alertar. Não é a toa que sempre peço (e nunca colocam, exceto no www.rplib.com.br) que digam que "as minhas opiniões são minhas, não necessariamente de instituições às quais eu esteja vinculado"). Não colocam porque é óbvio, certo? Certo.
2. Assessores de comunicação muitas vezes temem (têm pavor, para ser exato) de jornais. Por incrível que pareça, você os paga e eles não fazem o trabalho para você. Deixa eu ser mais específico: aparentemente, muitos destes assessores temem perder relacionamentos com editores de jornal. Como se editores fossem ultra-vaidosos e malucos (alguns são, claro) e assessores perdessem toda a chance de colocar um artigo de algum cliente seu lá porque, digamos, o cliente pediu uma errata de um artigo anteriormente publicado cujo erro foi do jornal.
Os dois pontos acima, se corretos, mostram-me que jornalistas - alguns deles - não entendem o significado de direitos de propriedade. Muitas vezes se confundem, embora entendam. Digamos que eu seja um funcionário da IBN. Digamos que eu queira publicar um artigo sobre tecnologia num jornal. Mando para o assessor que está bem ciente de que quem assinará o artigo - assumindo toda a responsabilidade por seu conteúdo - sou eu. Mas o assessor é meu? Não, é da IBN. Então ele pensa: "se eu publicar este artigo e der problema, a direção da IBN vai me demitir" (nota: ele pensa isto se vive no Brasil, onde minha observação n.1 parece nunca ser respeitada...).
Neste momento, ele transforma meu artigo (note o "meu") em algo que é "dele". E aí envia para o jornal após alguma revisão. Entretanto, o sujeito que assina ainda sou "eu".
Suponhamos que seja publicado mas que seja com erro ou com cortes do editor do jornal - sem aviso prévio - o que caracteriza, sim, quebra de direito de propriedade.
Eu, o autor, surpreso, ligo para o assessor que me recomenda: "ah, não mexe com isto não que eu perco o contato no jornal".
Moral da história: falta explicar para muita gente o que são direitos de propriedade e mercados. Um mercado - o jornalismo é um mercado, pois vende jornal - não funciona em toda potencialidade se não há respeito por direitos de propriedade. É verdade que não vai publicar qualquer coisa, sem revisão, óbvio. Mas também não faz sentido alterar textos alheios sem consulta e publicá-los. O assessor, neste caso, deve ter em mente a quem serve.
Minha opinião sobre esta discussão toda é a seguinte: embora exista um relaxamento absurdo sobre o respeito aos direitos de propriedade, o ideal seria que o funcionário da IBN tivesse um assessor próprio, contratado por ele. Claro, numa sociedade em que o direito (leia-se: "liberdade") de expressão seja tolhido pelo medo de alguma suprema autoridade (leia-se: "normalmente o Estado, temido por editores, jornalistas, blogueiros, etc"), o custo de, simplesmente, expressar uma opinião é muito elevado.
Resumi um bocado a conversa, mas espero ter deixado clara a mensagem, leitor.
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