Economia
O Crescimento não é Sustentado
"O monopólio governamental sobre o dinheiro deve ser abolido para deter as recorrentes crises de inflação e deflação agudas que se têm notícias no mundo nos últimos 60 anos. Essa abolição é também a cura para doenças de raízes mais profundas das sucessivas ondas de depressão e desemprego e que são atribuídas, indevidamente, ao ‘capitalismo’”.
F. A. Hayek (DESESTATIZAÇÃO DO DINHEIRO, 1978).
No artigo anterior expliquei que a inflação ocorre quando o governo emite papel-moeda além do crescimento do produto interno bruto, o PIB. Dados do Banco Central revelam que, desde maio deste ano, a emissão de moeda pelo governo girou em torno de 20% acima do crescimento da economia, sendo que em julho atingiu 24%. Sendo assim, se o governo não estancar o processo de emissão de “moeda falsa” o perigo inflacionário torna-se cada vez mais eminente.
Mas porquê o Banco Central emite moeda em desacordo com o crescimento do PIB? Ora, essa é uma clara intenção de financiar os gastos do governo e/ou de estimular, artificialmente, a atividade econômica, pois o excesso de liquides estimula o consumo e pressiona a produção.
Não obstante, o fato de que o excesso de liquides estimule o consumo e a produção, o crescimento que daí decorre - que o governo e os economistas que o apoiam tem dito que se trata de um crescimento sustentado - é falso, pois a economia apresenta sinais de crescimento a partir de estímulos monetários artificialmente criados. Se o governo não restringir a emissão monetária a economia corre o sério risco de apresentar pressões inflacionarias e toda sua conseqüente tragédia, como corrosão da renda, queda da produção e mais desemprego.
Para o Brasil ingressar num ciclo de prosperidade econômica urge a necessidade do governo cortar seus gastos e reduzir paulatinamente a extorsiva carga tributária para níveis não maiores que 20% do PIB (hoje está próxima de 40% segundo fontes oficiais), eliminar os excessos burocráticos que torna proibitiva a iniciativa privada, garantir a propriedade privada, bem como, estabelecer a autonomia ou mesmo a independência do Banco Central a fim de dar maior certeza ao agentes econômicos de que o BC não praticará uma política monetária irresponsável com ora vem ocorrendo, pois a estabilidade de preços é uma condição imprescindível para o crescimento sustentável de um país.
Em qualquer livro texto de economia registra-se que o Banco Central tem que, eminentemente, cumprir o papel de “guardião da moeda”, ou seja, evitar que ela se deprecie, mantendo a estabilidade dos preços para que a economia avance num ambiente estável. No Brasil, a cada dia, torna-se mais claro que Banco Central rasgou seus princípios e que está a mercê das vontades do partido governante mesmo que elas estejam absolutamente desprovidas de sensatez.
Quando o governo infringe as leis da economia pretendendo criar a força um “canarinho” não é de se surpreender que dali não sai nem um canarinho nem outro pássaro semelhante. Entretanto, pode-se ter certeza que apesar da boa intenção (as mesmas que adornam o inferno!) produzirão um corvo, com toda sua feiura e disparidade diante do projeto anteriormente idealizado.
09/09/2004
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