Economia
Evolução das necessidades de financiamento da economia portuguesa
De acordo com as contas nacionais trimestrais por sector institucional divulgadas pelo INE nos últimos 12 meses terminados em Março as necessidades de financiamento face ao exterior situaram-se em cerca de 8,6% do PIB, o que representa uma queda significativa (-2,9 pp) face ao valor registado nos 12 meses anteriores.
Esta redução resultou sobretudo da queda na formação bruta do capital fixo que caiu 2,8 pp (para 19,6% do PIB que corresponde ao valor mais baixo da série iniciada em 1999), para a qual contribuíram as famílias com uma redução de 9,2% (correspondente a 0,5 % do PIB) e as sociedades onde a FBCF caiu 18,1% (correspondente a 2,4% do PIB), enquanto que, em sentido contrário a FBCF das administrações públicas aumentou 5,8% (cerca de 0,2% do PIB).
Por seu lado, a poupança bruta aumentou o correspondente a 0,2% do PIB, uma vez que o aumento substancial da poupança bruta do sector privado (correspondente a 2,4% do PIB no caso das famílias e 1,6% do PIB no caso das sociedades) foi contrabalançado pela redução da poupança bruta das administrações públicas (correspondente a 3,7% do PIB).
A redução do desequilíbrio externo é também evidenciada pelos dados da balança de pagamentos publicados pelo Banco de Portugal que aponta para que o défice da BTC nos últimos 12 meses terminados em Março se tenha reduzido para cerca de 9,7% do PIB (uma melhoria de cerca de 2,9 pp) que resulta quer de uma redução do défice da balança de bens e serviços (BBS) correspondente a 2,5% do PIB quer de uma redução do défice da balança de rendimentos equivalente a 0,5% do PIB.
Apesar destas melhorias a posição líquida internacional continuou a deteriorar-se equivalendo no final do primeiro trimestre de 2010 a cerca de 109,5% do PIB (o que representa uma subida de 9,8 pp face ao primeiro trimestre de 2009). Sendo de notar que mesmo assumindo uma taxa de crescimento do PIB nominal de 4% para estabilizar o rácio da posição líquida externa face ao PIB seria necessário que o défice externo se situasse próximo dos 4,5% do PIB, o que, mesmo num cenário de estabilidade de taxas de juro, vai continuar a exigir esforços adicionais de aumento da poupança e/ou redução do investimento bastante significativos.
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