Economia
Uma proposta do Irineu de Carvalho Filho
O seguinte texto apareceu na forma de comentário, mas vale a pena deixá-lo como post.
* * *
Caro Alex,
Eu gostaria de divulgar esse texto que eu escrevi sobre a questão do Haiti, no teu blog e em outros, na esperança que meus apelos cheguem aos ouvidos daqueles que têm poder para decidir.
“No dia 12 de janeiro de 2010, um grande terremoto destruiu a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, causando a morte de mais de 100.000 pessoas em algumas estimativas. A magnitude da calamidade se deveu à combinação de forças da natureza que não podemos controlar atuando sobre a infra-estrutura precária de uma cidade que reflete a pobreza do Haiti.
Diferentes analistas podem apontar causas diversas para a miséria daquele país, o mais pobre da América Latina, assim como diferentes receitas para melhorar a vida dos milhões de haitianos. Entretanto, um fato inexorável merece ser ressaltado: o futuro do Haiti foi hipotecado por gerações passadas que esgotaram os nutrientes de seu solo, poluiu seus rios e assim condenou o país a pobreza.
Neste momento de emergência, faz-se necessário que governos do mundo e pessoas de melhor fortuna dêem sua contribuição para o resgate das vítimas e para evitar que fome e pestilência tomem a vida de outros. Mas passada a emergência imediata, a possibilidade de melhorias substanciais na qualidade de vida dos 10 milhões de haitianos lutando por sua subsistência em uma natureza arrasada é duvidosa. Os países ricos, assim como as instituições multilaterais podem fazer chover recursos, mas especialistas em desenvolvimento, como William Easterly da New York University, argumentam que a experiência em muitos países pobres é que a ajuda externa tem efeitos desapontadores.
Eu gostaria então de lançar uma proposta que muitos podem achar impalatável em um primeiro momento, mas que causaria uma melhoria palpável na vida de muitos. No passado, nosso país funcionou como uma válvula de escape para milhões de europeus e japoneses miseráveis. Somente em São Paulo, um milhão e meio de imigrantes passaram pela Hospedaria do Imigrante na Moóca entre 1893 e 1928. Apenas no ano de 1895, 105.000 imigrantes passaram por aquela hospedaria a caminho das plantações de café e uma vida de classe média longe das grandes guerras mundiais para seus descendentes.
Por que não abrirmos a porta de nosso país para os haitianos? Se nosso país acolhesse 100.000 haitianos, estes seriam apenas uma gota no oceano de 200 milhões de brasileiros. Para cada um desses haitianos, mesmo um emprego ganhando um salário mínimo representaria uma melhoria de vida considerável que provavelmente seus descendentes não pudessem alcançar em gerações ficando na ilha.
Nossa experiência histórica com imigração não poderia ser mais positiva. Nosso país acolheu gente dos mais diversos cantos do mundo (avôs e avós de muitos de nós) e assim como geração após geração de imigrantes abraçaram nossa cultura, o Brasil cresceu com as contribuições deles. Hoje temos dois prováveis candidatos a presidente, que são filha e filho de pais que vieram de longe.
Está na hora de revivermos essa história. Somos grandes, somos orgulhosos e podemos trazer um alívio real para os pobres de longe como fazíamos no começo de nossa República. Graças a 16 anos de inflação baixa, o Brasil hoje tem vivido um momento especial, nosso desemprego tem caído mesmo durante uma grande crise internacional, e programas como o Bolsa Família nos deixaram próximos de erradicar a miséria em nosso país.
Presidente Lula, com uma canetada sua, o Brasil pode salvar 100.000 haitianos da miséria, dando-os a oportunidade de recomeçar suas vidas em nosso Brasil. Faça isso e receberá o meu aplauso para sempre.
Ou então, seja ousado, e inaugure uma nova era de solidariedade entre os povos, abrindo a porta de nossa cidadania para meio milhão de haitianos. A liderança que entra para a História não é aquela dos discursos em foros internacionais, mas sim a coragem política para realizar atos concretos que transformam o mundo para melhor. Dê um passo gigantesco, e será um gigante.”
Irineu Evangelista de Carvalho Filho
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