Ao longo dos últimos meses, muito se tem debatido sobre a perda de competitividade do Norte do País e sobre a diminuição do seu protagonismo e dos seus índices de desenvolvimento face ao todo nacional e à vizinha Galiza.
Normalmente, na lógica dicotómica que impera em algumas perspectivas mais enviesadas, as razões para este fenómeno costumam centrar-se na ausência de dinamismo da Área Metropolitana do Porto, na falta de referências e de uma liderança clara nos mais diversos domínios da sociedade (da política, à cultura, à economia, com a óbvia excepção do futebol), e na habitual (e justa) lamúria quanto às políticas de investimento discriminatórias que vêm sendo genericamente conduzidas por todos os Governos.
A esta análise, porém, faltará um elemento essencial que não invoco por mero bairrismo, como eventualmente também não estará a ser ignorado por qualquer lógica hegemónica do Porto em relação ao demais Norte de Portugal. Será, afinal, um daqueles “crimes” por negligência em que o historial recente da Lusa Pátria tem sido prolífero.
Na minha modesta opinião, se há algo que poderia contribuir para uma superior afirmação do Norte face ao todo do País e para um incremento dos níveis de desenvolvimento deste território (e, logo, para o bem-estar destas populações) seria a assunção de uma lógica multi-polar de desenvolvimento regional, atenta às potencialidades de cada um dos seus sub-territórios, que até hoje raramente passou do papel.
Neste plano, o Minho é, como se soi dizer, algo que faz sentido. Atente-se aos vários indicadores demográficos, aos recursos naturais disponíveis, ao tecido empresarial existente, às instituições que intervêm nos diferentes domínios com grande vitalidade, criatividade e espírito empreendedor.
Ao longo dos últimos anos, foram várias as tentativas de agregar essas capacidades e energias e de as converter num projecto estruturado de desenvolvimento, tendente à construção de uma verdadeira Região do Conhecimento.
Todavia, a Grande Área Metropolitana atravessa os dias últimos do seu estertor.
O Pacto de Desenvolvimento Regional tarda em libertar-se das fotografias de (boas) intenções, para memória futura.
O associativismo municipal continua a assumir-se como uma figura de estilo, a que nem as excepções da VALIMAR e da AMAVE (de há um par de anos para cá) conseguem dar maior sustentação e rectificar a imagem de umbiguismo e a falta de visão estratégica que muitos carregam com orgulho.
O associativismo empresarial ainda se perde vezes demasiadas em lutas de capelas e coutadas que redundam no desperdício espúrio de energias e recursos.
Neste cenário, ganharia ainda mais pertinência o apoio a todos os elementos agregadores, nomeadamente aqueles que pudessem assumir um papel catalisador do desenvolvimento da região, mediante o apoio directo ou implícito aos demais protagonistas, fosse pelo suporte técnico, pela disponibilização de informação crítica de apoio à decisão ou pelos resultados dos projectos que viessem a promover.
Visitei ontem, no âmbito do trabalho autárquico que regularmente desenvolvo no contacto com as várias instituições locais, a Plataforma Minho – Agência de Desenvolvimento Regional, com cuja Direcção tive oportunidade de trocar impressões, conhecendo os seus anseios e projectos e discutindo pistas sobre a sua desejável evolução futura.
Mais do que os méritos dos seus fins estatutários, dos mais genéricos aos mais particulares, sobressai o notável trabalho desenvolvido em condições extremamente difíceis, cujo resultado mais visível são os quatro observatórios já criados (do Emprego e Formação, da Competitividade e Qualidade de Vida, do Desemprego no Minho e o Observatório Social), bem assim como, alguns produtos e serviços que lhes estão acoplados (como a Carta Social, a Bolsa de Emprego ou o Banco do Voluntariado).
No conjunto destes Observatórios é hoje disponibilizado, tratado e com frequentes actualizações, um vasto leque de indicadores estatísticos, de cariz quantitativo e qualitativo, sobre os mais diversos domínios de cada uma das temáticas abrangidas.
O volume de dados existente, a sua sistematização e actualidade, pede contas a muitas das fontes oficiais e ultrapassa significativamente o próprio trabalho de certos actores locais dos domínios visados.
Em suma, a Plataforma Minho disponibiliza instrumentos e informação crucial para quem quer estudar, pensar e fazer a Região e, logo, contribuir para o seu desenvolvimento.
Tudo somado, quando se sabe que uma entidade desta natureza está a lutar pela sua sobrevivência já nem podemos ficar surpreendidos. Mas devemos questionar-nos como é que há quem não perceba que assim não vamos mesmo mais além…