Um pouco de café com leite
Economia

Um pouco de café com leite


É inevitável não falarmos de futebol. Na noite passada completou-se para os dois principais clubes gaúchos, Grêmio e Internacional, uma seqüência histórica de eliminações em importantes competições, como Libertadores da América e Copa do Brasil, respectivamente. Jogos que a dupla não perdeu, mas também não ganhou.
Na quarta, o badalado plantel branco merengue (descaracterizando o vermelho morango tradicional) da Av. Padre Cacique entrou em campo para reverter um placar adverso, com o apoio oportunista de Fernando Carvalho, que havia jogado no “colo” da arbitragem da partida o fardo do embate que seu plantel haveria de passar. Na outra ponta o ícone do fracasso: Vitório Píffero. Ele declarou que as portas da antiga coréia colorada estariam abertas para os sócios assistirem a partida (que partida? Na coréia somente se enxerga a cintura do jogador).
E assim foi, empurrado por aproximadamente 50 mil sócios fanáticos, apaixonados ao ponto de pagar mensalidade, correr para comprar ingressos pela internet (sem sucesso), efetivar a comprar pelo triplo do preço com um cambista e ainda com a possibilidade de parar na coréia, que o colorado caiu diante de Jorge Henrique (a lá Nelson Nedi com passinhos de Michael Jackson) e Ronaldo bola. Lógico, tudo isto em um palco candidato a sede da Copa do Mundo de 2014 e incapaz de sediar a finalíssima da Taça do Brasil.
Já pelo lado do Imortal Tricolor a derrota por três tentos a um em Belo Horizonte só veio a trincar a taça (não sei se isto é possível) de confiança do torcedor. Os seguidos empates e derrotas culminaram em mais um empate e eliminação da competição continental.
Agora resta-nos juntar os cacos. Com um plantel limitado e diretoria equivocada (visto a contratação vultosa de Autuori, pois Rospide teria definido a vaga na final em Belo Horizonte) o Grêmio está em um balanço, tentando equalizar de um lado toda a sua tradição, camisa, raça, história e glórias com o outro recheado de jogadores omissos, apáticos, oportunistas que somados a incrível limitação e incapacidade financeira fragilizam o centenário clube da Azenha. Sem se preocupar com isso, o meliante denominado Kléber aproveitou-se e fez seu nome dentro da competição, te prepara “gladiador” de anões! A batalha de La Plata vai começar, só não esqueça tua máscara!
Falando em gripe A e alheio a toda esta situação, estão os gaúchos nos quais mais uma vez assistem apáticos as decisões do governo estadual. Assisti ontem no telejornal regional, o senhor secretário da saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, garantir que o governo estadual, juntamente com a polícia federal e agentes da ANVISA, estará presente efetivamente nas quinze divisas que o estado faz com a Argentina e o Uruguai ao invés das sete atualmente controladas (isso mesmo: sete!) para tentar combater o vírus da pandemia que assola o continente.
Se a cobertura das fronteiras se der na mesma rapidez com que as CPI’s descobriram o aparecimento da casa milionária da Yeda, a implantação do processo de irrigação estadual, a individualização da dívida rural das cooperativas rurais, os reajustes de salários aos mestres estaduais e ao melhoramento do plano de desenvolvimento regional através do projeto rumos 2015, caro leitor, compre já sua máscara. A gripe A está chegando.
Deste modo, não vejo diferenças entre futebol, dirigentes e torcedores, com a economia, políticos e a população gaúcha. Assim como torcedores da dupla GRE-NAL (como efetivamente é), o povo permanece atônito as questões políticas e econômicas que o cerca. Permanece anestesiado por promessas eleitorais, vídeos em DVD, possíveis viradas impossíveis, marketing oportuno, arrecadações absurdas, seja fiscal ou associativa dos clubes de futebol. Por fim, assim como o futebol que atravessa gerações, a economia resistirá aos seus colapsos passageiros, recheados de muita assimetria de informação, descrédito do mercado, corrupção, entretanto ela dá saltos quantitativos e de qualidade, mostrando-se imponente e fria à frente desses problemas periféricos.
Resta-nos avaliar as informações, reunir todo o arsenal (talvez uma bazuca!) crítico e tomarmos a melhor decisão, sempre, seja ela qual for. Do contrário, continuaremos assistindo passivos o controle dos nossos domínios, seja futebolístico ou econômico, é claro, sentados, com um bom café com leite.




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