Testando os limites da cretinice
Economia

Testando os limites da cretinice


Esta eu preciso partilhar com os leitores do blog. Saiu no Valor de ontem, página C2, coluna assinada por Luiz Sérgio Guimarães.

"Para analistas independentes, a ampliação do aperto monetário pode se transformar num tiro no próprio pé do BC. O raciocínio é o de que, se a austeridade já mundialmente aplaudida conseguir aumentar ainda mais a sua credibilidade junto aos agentes econômicos, logo a expectativa de IPCA para 2009, em 5% segundo o último Focus, voltará ao centro da meta de 4,5%. Para ser coerente com esse retorno, as taxas de juros longas, projetadas para 2009 e 2010 pelo mercado futuro da BM&F, recuarão, tornando mais baratos os financiamentos bancários a empresas e consumidores. Ou seja, um choque de juros pode, em prazos maiores, provocar mais inflação, além de encarecer a rolagem dos papéis da dívida pública. "

O raciocínio, se é que podemos assim designar esta sequência desconexa de argumentos, é que o aumento de juros reduz a expectativa de inflação e, portanto, implica queda das taxas longas de juros. A queda da taxa de juros longa acelera a demanda e piora a inflação.

Segue-se disto que a forma correta de lidar com a inflação é reduzir o juro e piorar as expectivas de inflação. Assim os juros longos sobem e reduzem a demanda, controlando a inflação...

Além disto, a queda das taxas de juros mais longas deve encarecer a dívida pública...

O analista "independente" que proferiu estas cretinices deverá logo deixar de ser independente, assim que for colocado de volta na cela acolchoada de onde fugiu.

P.S.

Depois de postar o comentário acima me lembrei de outro texto do autor que diz o seguinte:

"O mercado monetário não está muito preocupado em checar a veracidade das acusações de que o Copom teria errado duplamente. O primeiro erro teria sido o de subestimar o retorno da inflação ao, na reunião de abril, aplicar um ajuste de 0,50 ponto à taxa Selic e considerá-lo - como a pedir desculpa pelo excesso de ortodoxia - "parte relevante" do movimento total de alta. Traduzidas coloquialmente, a decisão e a ata de abril diziam o seguinte ao mercado: "Olha gente, eu sei que a inflação não merece esse aumento todo, mas eu preciso mostrar que continuo conservador. Por isso, o primeiro golpe será fundo, mas os posteriores, superficiais".
Os índices sobre a inflação corrente divulgados depois mostraram que, na verdade, o Copom não estava de modo algum agindo "preventivamente". Os indicadores deixaram patente que a alta de 0,50 ponto era, isto sim, muito condescendente. Este foi o primeiro erro. O segundo foi o de não confessar que errou. No Copom seguinte, o Banco Central sustentou o ritmo de 0,50 ponto e garantiu que o repique inflacionário tinha sido previsto. O mercado sabe que esta serenidade é forjada e falsa. " (Valor, 17/06/2008, pág C2).

Ou seja: o BC está sempre errado. Quando sobe 50 devia ter subido 75; quando sobe 75, devia ter subido 50. E isto vindo de um colunista que há poucos meses defendia que o BC não deveria aumentar a taxa de juros.



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