O desemprego brasileiro continua seu voo rasante. Depois de seu
número mais baixo em dezembro (4,6%), ele subiu até chegar a 5,6% em
fevereiro – o que historicamente é um excelente número para o mês. Tudo o
que envolve emprego deveria ser maravilhoso, se não fossem dois
pequenos problemas.
Primeiro:
O índice de desemprego brasileiro segue alguns parâmetros um tanto
quanto esquisitos. Para poder somar o maior número de “empregados” vale
tudo. O malabarismo para maquiar um número envolve, por exemplo, criar
grupos como “desalentados”.
Para os índices oficiais, temos aqui duas pessoas que em pleno emprego!
Por “desalentado” entenda-se uma pessoa que procurou emprego, não
achou e parou de procurar nos últimos seis meses. Sendo assim, para as
estatísticas oficiais, ele não é um desempregado (ou desocupado, termo
usado pelo IBGE). Pessoas que deixam a vida de desempregado para
trabalharem ganhando menos de 1 salário mínimo, também, não são
desempregados. Engloba-se nisso tudo que você imaginar, desde
malabaristas de sinal até catadores de lixo. Para o IBGE e as capas dos
jornais eles estão entre os 95,6% de pessoas empregadas no Brasil.
Pensar que o limpador de para-brisas em um semáforo de trânsito é alguém
que goza de pleno emprego é mais do que equivocado.Chega a ser sádico.
A metodologia utilizada para medir o desemprego é tão importante para
o resultado final que basta comparar os dados do IBGE com os do DIEESE
para ter noção do tamanho do impacto metodológico. Enquanto naquele o
desemprego ultimamente ronda a casa dos 5%, neste fica em torno de 10%.
Isso mesmo. Uma instituição aponta o dobro de desocupados no Brasil do
que a outra. Percebe-se que a metodologia aplicada não é só um detalhe.
Fica o velho ditado: “dados estatísticos são como biquíni: o que mostra é
interessante, mas o que esconde é fundamental.
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