Roberto Macedo - O Estado de S.Paulo
País rico é país sem pobreza, diz o lema do governo Dilma Rousseff. Mas cabe
perguntar: que pobreza o governo tem em mente e quer eliminar? Se for medida
pelo critério de renda, mesmo com o avanço da chamada classe C - a tal "nova
classe média" -, boa parte desta é ainda pobre tanto no valor absoluto de sua
renda como em termos de comparações internacionais. E há ainda as classes D e
E.
Pode ser que o governo defina um nível conveniente de renda mínima ao medir o
seu esforço de eliminar a pobreza. Mas nem assim esconderia o fato de que o País
não seria rico se somente isso ocorresse. Esse nível de renda seria baixo e a
pobreza não se limita aos rendimentos. Há outros aspectos fundamentais, como o
nível e a qualidade do ensino e do atendimento à saúde recebidos em termos
médios pela população, sabidamente muito baixos no Brasil. São carências
seculares que não serão resolvidas em um ou dois mandatos presidenciais. E há
mais aspectos da pobreza também carentes de atenção. Entre eles, a falta de
saneamento adequado, que se desdobra em água tratada, esgotamento sanitário,
coleta de lixo e drenagem de águas pluviais - esta para evitar as enchentes e os
seus repetidos desastres. Quanto a isso o Brasil também está longe de chegar ao
que se passa em países ricos.
Mais