A produtividade do trabalhador brasileiro caiu “dramaticamente”
em 2012. A constatação é do centro de pesquisas Conference Board.
Levantamento anual diz que o fraco crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) e o contínuo aumento do emprego explicam a piora do desempenho
nacional no ano passado. Os dados vão na contramão do discurso do
governo que passou a ressaltar o aumento da competitividade nos últimos
meses.
“O declínio mais dramático na América Latina foi no Brasil, que
mostrou queda no nível de produção por pessoa empregada de 0,3% em 2012,
após a desaceleração vista em 2010 e 2011″, destaca o relatório. Com
isso, a produtividade média do brasileiro ficou em 18,4% do desempenho
médio de um trabalhador norte-americano. O movimento foi contrário à
tendência global, já que a produtividade média mundial subiu 1,8% no
ano, para 26,2% do observado nos Estados Unidos.
A pesquisa argumenta que a piora brasileira é fruto do fraco
crescimento econômico somado à contínua melhora do mercado de trabalho.
“O declínio da produtividade no Brasil foi o resultado da desaceleração
da produção que cresceu cerca de 1% em 2012, ano em que o emprego
cresceu 1,3%”, diz o relatório. Ou seja, a produtividade caiu porque o
número de trabalhadores aumentou em ritmo maior do que a produção.
Assim, cada empregado acabou produzindo menos que um ano antes.
“A economia brasileira se deteriorou rapidamente sob a influência da
desaceleração global, o que revelou a fraqueza interna que não era
visível sob as elevadas taxas de crescimento dos anos anteriores”,
destaca o documento.
O estudo também calcula a eficiência do uso dos recursos de toda a
economia - o que leva em conta, além do trabalho, outros fatores como
infraestrutura, tecnologia e inovação. O chamado fator de produtividade
total do Brasil caiu 1,8% no ano passado, também pior que outros
emergentes e economias maduras. Sob essa ótica mais ampla, o estudo cita
que “os principais problemas dizem respeito à infraestrutura
inadequada, pouco investimento em novas máquinas e equipamentos,
impostos elevados sobre o trabalho e melhora lenta na qualificação dos
trabalhadores e da gestão”.
O resultado da produtividade do brasileiro foi o segundo pior na
América Latina, só à frente da Bolívia, país em que indicador médio
ficou em 11,4% na comparação com um norte-americano. Sempre em relação
ao trabalhador dos EUA, o México tem índice de 34,4% e a Argentina, de
35,5%. Entre as demais nações do Bric, a comparação fica menos desigual
para o Brasil: Índia teve produtividade de 10,2%, China ficou com 17% e a
Rússia lidera o grupo, com 35,5% do resultado de um norte-americano. Em
todos esses países emergentes, porém, o índice subiu em 2012. A
produtividade dos chineses, por exemplo, saltou 7,4% em um ano.
O estudo do Conference Board compara a produtividade de trabalhadores
de vários países do mundo em relação aos Estados Unidos. Por ser a
referência do estudo, a produtividade de um norte-americano é usada como
padrão. Portanto, de 100%. Entre os países ricos, a produtividade dos
alemães está em 73,5%, dos franceses em 80,4% e, acima dos EUA, os
trabalhadores de Luxemburgo têm índice de 105,2%.
(Com informações da Agência Estado)
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