Economia
PIB 2012: 1,8%?
Leio no UOL o ex-presidente do BACEN Gustavo Loyola comentando sobre o PIB 2012.
Após
dois semestres de baixíssimo crescimento, a economia deve apresentar números
bem melhores nos próximos meses, acredita Gustavo Loyola, ex-presidente do
Banco Central e sócio da consultoria Tendências.
No
entanto, afirma, gargalos como infraestrutura ruim e falta de mão de obra
qualificada devem impedir que o país cresça a taxas acima de 4% no longo prazo.
Folha
- A economia vai engatar no segundo semestre?
Gustavo Loyola - Sim, existe um estímulo monetário bastante grande
e alguns estímulos de redução de impostos. Como o mercado de trabalho está bem,
não vejo porque a economia não vá apresentar números muito melhores neste
semestre. O número que vai ficar feio no final é o crescimento do PIB, que fechará em
1,8% ou menos. Mas esse número, como é uma média do ano, tem muito de história
passada.
E a
partir de 2013, o PIB volta a crescer a taxas maiores?
Depende do cenário internacional. A gente pode entrar numa gangorra [oscilar
entre taxas altas e baixas] se formos para um crescimento muito acima de 4% ano
que vem. Eu acho que se ficarmos em 4%, ou um pouco abaixo disso, é possível
manter essa taxa de crescimento na média ao longo de 2013, 2014.
No longo prazo, a gente já começa a ter um pouco mais de dificuldade, por causa
da oferta apertada de mão de obra, dos problemas de infraestrutura. Se a oferta
não acompanha o crescimento, você cria gargalos que acabam eles mesmo servindo
de obstáculo ao crescimento.
Há
espaço para o país crescer a taxas maiores, como em alguns anos do governo
Lula?
Mesmo com o efeito positivo da forte valorização das commodities, nunca
chegamos à capacidade de crescer de forma sustentada acima de 4,5%. Os anos em
que isso aconteceu foram períodos de recuperação cíclica.
O
ciclo de reformas [dos anos 90] elevou nossa capacidade de crescimento de 3%
para mais de 4%. Uma melhora substancial, mas não tornou o Brasil uma China. Só
que o efeito dessas reformas se dilui no tempo. São necessárias novas reformas
que aumentem o investimento.
O
que o governo não deve fazer para acelerar o crescimento no curto prazo?
É preciso preservar o regime de metas de inflação. Ele ajuda a manter a
inflação baixa e reduz as incertezas sobre o futuro, o que é fundamental para gerar
investimentos.
A
taxa de juros deve cair mais?
Tem espaço para corte até 7% [hoje a Selic está em 8%]. Há risco para a
inflação, mas é difícil interromper a queda, pois não há muita certeza sobre se
o pior da crise passou.
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