Em França, François Hollande ganhou as eleições dia 6 de Maio, retirando à direita 17 anos de poder e dando a Nicolas Sarkozy o lugar de segundo presidente a perder uma reeleição.
O primeiro foi Valérie Giscard d’Estaing que perdeu para o também socialista François Miterrand – que deu à construção europeia, com Helmut Kohl uma era de progressos. Também Miterrand foi o último socialista a ocupar o Eliseu.
Vai Hollande abrir uma fractura com Merkel? É pouco provável. De Frankfurt, pela voz do presidente do BCE, e de Berlim, pela voz de Angela Merkel e até do seu ministro das Finanças Wolfgang Schauble, começaram já a notar-se mudanças no discurso, usando a palavra “crescimento”.
Está dada a margem de manobra a Hollande e até para a própria Angela Merkel corrigir o ritmo de reequilíbrio financeiro dos estados do euro. Hollande pode ser aquele que vai desbloquear a actual estratégia que parece condenar um a um dos países que vai caindo – Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e até a França - a serem “uma Grécia”.
Hollande’s win is a chance for change titula o FT.
Claro que o Tratado Orçamental não vai ser revisto mas começa a existir margem de manobra política para reduzir os défices mais lentamente e/ou aplicar políticas expansionistas nos países, como a Alemanha, que têm excedentes externos.
Uma combinação de políticas que vários economistas defenderam desde os primeiros sinais de cris eno euro – quem não está com défices externos aplica políticas expansionistas, quem está com défices externos aplica, obviamente, austeridade.
O que não se pode é ter quase metade dos países do euro com políticas de austeridade, enquanto a outra metade mantém inalteradas as políticas e não ter como resultado um mergulho acentuado na recessão de toda a zona euro com agravamento dos desequilíbrios financeiros dos já “desequilibrados”.
A vitória de Hollande não acabará com a austeridade em Portugal mas poderá aliviar as condições externas que aumentam as exportações tornando o reequilíbrio financeiro mais certo – no sentido de mais provável, mais bem sucedido – e menos doloroso.
O problema continua a ser a Grécia onde o que começou mal não se está a conseguir endireitar. Os eleitores pulverizaram-se, zangados com os políticos, com a troika e com o euro.
Veremos se esta mudança na combinação de políticas económicas – com os países do euro a complementarem-se – será capaz de salvar a Grécia. E, claro, Portugal. Que não é a Grécia mas que ainda não está no momento certo para eliminar todas as dúvidas sobre a capacidade de ser bem-sucedido no seu programa de reequilíbrio financeiro. O risco de Portugal aumentou hoje, dia de resultados eleitorais da Grécia, apesar dos progressos que o país fez.
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