Os investimentos na exploração de petróleo e gás para o período 2011-2015
Economia

Os investimentos na exploração de petróleo e gás para o período 2011-2015


Ricardo Lacerda

A exploração na camada do pré-sal abriu novas perspectivas para a cadeia de petróleo e gás natural no Brasil. Nos próximos anos, os investimentos dos segmentos que a integram representarão mais de 1/3 do total previsto para a indústria. No último dia 22, com a aprovação pelo Conselho de Administração da Petrobras do Plano de Negócios 2011-2015, foram apresentados os investimentos da empresa para o período.

A Petrobras anunciou investimentos na ordem de US$ 224,7 bilhões, equivalentes a R$ 389 bilhões, dos quais US$ 127,5 bilhões, equivalentes a 57% do total, serão destinados à atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural.

Investimentos

No mês de junho, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) havia publicado a estimativa de investimentos para o período 2011-2014. Segundo o BNDES, a Formação Bruta de Capital Fixo, que representa os investimentos em máquinas e equipamentos, construções e outros elementos tangíveis, seguirá trajetória crescente enquanto participação no PIB, passando dos 18,4% obtidos em 2010 até atingir 22,8%, em 2014 (ver Gráfico 1 a seguir). A elevação da taxa de investimento, como se sabe, é o elemento fundamental para aumentar o potencial de crescimento da economia brasileira e assegurar o crescimento sustentável nos próximos anos, sem maiores pressões sobre os preços ou nas transações com o exterior.

Gráfico 1: Projeção da taxa de investimento ( Formação Bruta de Capital Fixo/ PIB).
Fonte: BNDES. Extraído de BNDE. Visão de desenvolvimento, nº 95. 20 de junho de 2011.

Os investimentos totais entre 2011 e 2014 na economia brasileira alcançariam o montante de R$ 3,3 trilhões, dos quais cerca de R$ 1 trilhão destinam-se ao setor industrial, R$ 400 bilhões para infraestrutura, com destaque para os investimentos no segmento de energia elétrica, e R$ 1,9 trilhão nos demais setores (ver tabela).

O setor de petróleo e gás realizaria investimentos da ordem de R$ 378 bilhões, no período 2011-2014, que representariam 11,3% do total da economia brasileira e 36,1% dos investimentos do setor industrial. Apenas para comparar, o segundo segmento industrial em valor de investimento, a indústria extrativa mineral, alcançaria R$ 72 bilhões, cerca cinco vezes menos, e os investimentos somados da siderurgia com a indústria automobilística também montariam cinco vezes menos.

Fonte: BNDES. Extraído e adaptado de BNDE. Visão de desenvolvimento, nº 95. 20 de junho de 2011.

Pré e pós-sal

No período 2011-2015, os investimentos da Petrobras no pré-sal, US$ 53,4 bilhões, permanecerão ainda abaixo dos US$ 64,3 bilhões previstos para o pós-sal, que serão destinados principalmente para a bacia de Campos. Mas a participação do pré-sal nos negócios da empresa será crescente, estimando-se que a produção deverá passar de 2%, em 2011, para 40,5%, em 2020.

Com os investimentos projetados, a produção nacional de petróleo deverá apresentar crescimento de 46% entre 2011 e 2015, atingindo o notável crescimento de 136% até 2020, passando dos estimados 2,1 milhões de barris óleo equivalentes dia (boed), em 2011, alcançando 3,1 milhões de boed em 2015 e 4,9 milhões de boed, em 2020 (ver Gráfico 2).

Fonte: Petrobrás. Plano de Negócios 2011 - 2015

Desafios

A empresa explicita a necessidade de reforçar o fluxo de caixa para financiar os investimentos. Dos US$ 224,7 bilhões previstos para todos os segmentos de atuação, entre US$ 125,0 bilhões e US$ 148,9 bilhões, ou seja, entre 56% e 66%, dependendo do cenário, deverão ser originários de acumulação interna. Atenta a tal questão, serão priorizados os investimentos em campos sob regime de contrato de cessão onerosa, em que a empresa já despendeu recursos para obter o direito de exploração e produção, mas que são livres de pagamento de participações especiais, cabendo apenas o pagamento de royalties às esferas de governo.

No plano de negócios 2011-2015, a empresa se diz ciente dos desafios tecnológicos, ambientais, gerenciais e de formação de recursos humanos para levar adiante a expansão e sinaliza para a ampliação de parcerias com as universidades e para o fortalecimento dos laços com fornecedores nacionais.


Publicado no Jornal da Cidade em 31/07/2011

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