Os espantalhos do Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano
Economia

Os espantalhos do Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano


Poucas coisas me irritam mais do que argumentos desonestos, como o uso de espantalhos.

Alguns dias atrás, o deputado Raul Jungmann, que me pareceu admirável em outras ocasiões, formou um time com o Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano, e um outro professor e juntos produziram uma das argumentações mais vergonhosas que li nos últimos tempos (*).

Escrevem Jungmann, Oreiro e o outro:

O discurso neo-liberal [...], ainda defendido por economistas ligados ao setor financeiro, se baseia nas seguintes proposições: (a) o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas que permitam o livre-funcionamento do mercado,

Começam bem, admito... Caracterização correta! A falta de reformas microeconômicas é certamente um importante empecilho para o desenvolvimento econômico do Brasil. Segundo, o Doing Business do Banco Mundial, o Brasil é o 129° país em termos de facilidades para se fazer negócios, atrás até da China Comunista (89°). Segundo o índice de liberdade econômica do Heritage Foundation, existem 112 paises (entre eles, o Cambodia e a Nicaragua!) na frente do Brasil. As reformas microeconômicas para um melhor livre-funcionamento do mercado, não tenho dúvidas, são fundamentais se e quando o Brasil quiser se juntar ao grupo das economias desenvolvidas.

(b) o controle da inflação é o principal objetivo da política econômica,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Na realidade, é provável que nem o professor Oreiro acredite em seu espantalho, afinal ele mesmo caracterizou a visão neo-liberal como acreditando que “o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas”.

(c) para controlar a inflação, os juros serão inevitavelmente altos devido ao “risco-país” e aos problemas fiscais,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Primeiro, o risco-país é um problema do passado, já que nosso spread já se reduziu consideravelmente.

Segundo, não são apenas problemas fiscais (que existem!) que impediram uma queda maior da SELIC ano passado, mas sim a ausência de liderança política em Brasília capaz de desmontar tanto o sistema de crédito dirigido que alimenta os bolsos de nossa plutocracia quanto as garantias de retorno mínimo para a caderneta de poupança.

(d) o “desenvolvimento econômico” é uma competição entre os países para obter “poupança externa”;

Espantalho sem-vergonha! Somente alguém completamente incapaz de sentir vergonha para escrever uma estultice dessas. Não conheço um único economista que acredite em uma asneira dessas. Qualquer economista que não come feno no café da manhã sabe que o processo de desenvolvimento econômico é primeira e ultimamente governado pela evolução do nível de produtividade na economia.

“logo, os déficits em conta-corrente e a apreciação da taxa real de câmbio não são problemáticos, mas são necessários para o “desenvolvimento” do Brasil devido a nossa dependência externa.”

?!? Uh-huh... Mein gott...

(*) Efeito de más companhias?




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