O grande salto da UFS (2004-2012), por Ricardo Lacerda
Economia

O grande salto da UFS (2004-2012), por Ricardo Lacerda



Publicado no Jornal da Cidade, 18/12/2012
Ricardo Lacerda

A importância da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para o desenvolvimento social, econômico, cultural e político do estado sempre foi reconhecida por amplos setores da população, inclusive pelas lideranças políticas. A partir de sua criação, no final dos anos sessenta, e a consolidação de sua infraestrutura com a implantação do campus de São Cristóvão, na virada para os anos oitenta, a Universidade Federal de Sergipe foi peça determinante na formação de recursos humanos e no amadurecimento das reflexões sobre as questões mais relevantes para o desenvolvimento do estado de Sergipe, em suas diversas dimensões.

Modernização

Esse período de formação da UFS coincidiu com outras grandes transformações: a exploração intensiva das riquezas minerais, com a produção de petróleo e gás natural pela Petrobras e com a instalação de unidades de produção de amônia e uréia e de produção de potássio, que viriam impactar profundamente a estrutura ocupacional e de renda e acelerar o ritmo de crescimento econômico; o intenso processo de urbanização e a modernização da máquina administrativa pública; o florescimento de Aracaju como uma cidade moderna, com oferta diversificada de bens e serviços.

Esse conjunto de transformações correspondia ao movimento geral de modernização do Brasil com baixa inclusão social cujas referências centrais foram os períodos de intenso crescimento do milagre econômico e dos Planos Nacionais de Desenvolvimento, em um regime político fechado.

O Grande Salto

O sistema universitário público somente voltou a apresentar um novo ciclo de expansão de grande magnitude na gestão do Presidente Lula, quando a melhoria nas finanças e a decisão de ampliar a rede federal viabilizaram os recursos necessários.

Foi nessas circunstâncias que a gestão do Prof. Josué Modesto (2004-2012) empreendeu o grande salto da Universidade Federal de Sergipe, o período de transformações mais profundas da instituição, depois dos primeiros anos de formação. Impressionam não apenas os números alcançados, que são mesmo extraordinários e que sintetizam o tamanho que a instituição alcançou, como a transformação qualitativa, com o estabelecimento, pela primeira vez, de um sistema robusto de pesquisa e de pós-graduação, e de uma grade de cursos de graduação muito ampla, contemplando as mais importantes áreas de conhecimento e de formação profissional, fundamentais para o presente e para o futuro de Sergipe,

Os números

Em relação aos números, segue uma pequena amostra que sintetiza a transformação da UFS de uma universidade de porte relativamente pequeno no conjunto das universidades federais para uma instituição de médio porte: as vagas anuais para os cursos de graduação saltaram de duas mil, em 2004, para 5.490, em 2012; a quantidade de alunos matriculados na graduação multiplicou por 2,5, passando de 10.217 para 25.456; e o mais importante, a diversificação dos cursos de graduação com a criação de novas áreas de formação, completando o elenco dos cursos tecnológicos com formações na área de geologia, engenharia de petróleo, engenharia ambiental, entre muitas outras especialidades. A oferta de cursos de graduação pulou de 60, em 2004, para 117, em 2012 (Ver Figura).

O sistema de pós-graduação ganhou uma dimensão robusta, sem o que não há como cumprir os seus objetivos de disseminação de uma cultura de pesquisa e de promoção de desenvolvimento tecnológico. Os cursos de mestrado e doutorado se restringiam a nove, em 2004. Em 2012, a pós-graduação assume feição de gente grande, com 46 cursos.  A quantidade de aluno nesses cursos saltou de 357, em 2004, para 1.690, em 2012 (ver Figura).

Finalmente, um dado que reputamos como essencial para entender a transformação quantitativa e qualitativa da UFS; o número de professores passou de 461, em 2004, para 1.099, em 2012, com mais de 80% deles com títulos de doutor ou mestre.


Fonte: Cogeplan- UFS


Os desafios

Em termos qualitativos, o significado da transformação reside no fato de que a UFS conta hoje com uma diversidade de áreas de formação, com uma estrutura física de laboratórios e de apoio didático, e um sistema de pós-graduação e pesquisa que a habilita a influenciar em termos decisivos o futuro de Sergipe, provendo recursos humanos e produção científica e tecnológica não apenas para suportar as demandas do setor produtivo, como para dar apoio cientifico e metodológico para as políticas públicas.

Dois eixos nortearam as ações da administração: de um lado, dar dimensão e qualidade a UFS para que a instituição possa desempenhar um novo papel no desenvolvimento social e econômico de Sergipe, em uma etapa em que a formação profissional qualificada, o conhecimento, a inovação e a tecnologia ganham nova estatura; de outro, executar de uma maneira inteligente e inovadora uma ampla ação de inclusão social, oportunizando vagas em todos os cursos da instituição para estudantes egressos das classes sociais mais desfavorecidas. Em ambos os aspectos a interiorização da instituição assumiu papel fundamental.

Missão cumprida, Professor Josué Modesto e equipe. Novos desafios, Professor Ângelo Antoniolli e os que chegam: articular mais organicamente a instituição que galgou esse novo patamar com as demandas postas pela atual etapa de desenvolvimento econômico e social de Sergipe.





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