Economia
O DÓLAR SEGUNDO PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR, diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago), escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO, um artigo para reflexão e análise sobre o DÓLAR.
O leitor é testemunha: tenho sido nesta coluna, há mais de dez anos, defensor incansável, talvez cansativo, da preservação de uma taxa de câmbio competitiva, da diminuição da vulnerabilidade externa da economia e de medidas seletivas de regulação dos movimentos de capital. Nos anos recentes, o governo brasileiro deu vários passos nessa direção geral. Houve acentuada diminuição do desequilíbrio do balanço de pagamentos em conta-corrente, as reservas internacionais aumentaram consideravelmente desde 2006 e, mais recentemente, o governo tributou de forma seletiva a entrada de capitais estrangeiros.
A medida anunciada ontem pelo Ministério da Fazenda - a cobrança de um IOF de 1,5% sobre a emissão de "Depositary Receipts" no exterior - é mais um passo no sentido de preservar a economia nacional dos efeitos decorrentes de operações financeiras externas. O ministro da Fazenda e seus assessores explicaram a natureza e o objetivo da medida. Ela complementa o IOF de 2% incidente sobre certos tipos de investimento estrangeiro (aplicações em ações e renda fixa), que foi introduzido há um mês. O objetivo é evitar que o IOF de 2% sobre aplicações de não residentes em ações emitidas no país estimule a migração de operações para o exterior, prejudicando o mercado de capitais brasileiro.
O problema da apreciação excessiva do real permanece, porém. É verdade que, depois da introdução do IOF de 2% sobre investimentos externos em renda fixa e em ações, a valorização do real foi interrompida. No último mês, a taxa de câmbio real/dólar, que vinha caindo rapidamente, ficou mais ou menos estabilizada entre 1,70 e 1,75.
Mas o que houve nos últimos 30 dias foi a estabilização da taxa cambial num patamar valorizado. Entre as principais moedas, o real foi das que mais se valorizaram em relação ao dólar dos Estados Unidos nos últimos 12 meses. Só o dólar australiano e o rand sul-africano subiram mais do que a moeda brasileira nesse período.
De uma maneira geral, a economia brasileira está indo bem. No exterior, há um verdadeiro entusiasmo pelo Brasil (talvez até exagerado). Há uma convicção bastante generalizada de que o nosso país oferece oportunidades extraordinárias.
Temos, porém, um calcanhar de Aquiles: a excessiva valorização do real, que decorre em parte do referido entusiasmo internacional. Se o problema persistir por muito tempo, pagaremos um preço elevado.
Por enquanto, a situação está sob controle. O Banco Central estima que o deficit de balanço de pagamentos em conta-corrente (que inclui a balança comercial, serviços, rendas e transferências unilaterais correntes) deve ficar em apenas 1,2% do PIB em 2009.
No entanto, o câmbio valorizado, combinado com a retomada da demanda e do nível de atividade da economia nacional, deve provocar, já em 2010, aumento expressivo do deficit em conta-corrente. A moeda forte retira competitividade internacional da economia. Pode prejudicar gravemente diversos segmentos da indústria brasileira e outros setores da economia que exportam ou concorrem com importações de bens e serviços.
O governo brasileiro terá, portanto, de redobrar esforços para preservar a nossa competitividade externa. A medida de ontem, embora de caráter pontual, sugere que o Ministério da Fazenda está atento ao problema e consciente da necessidade de enfrentá-lo. É provável que novas medidas tenham de ser tomadas ao longo dos próximos meses.
loading...
-
Iof E Suas Distorções
As bolsas de valores de todo o mundo vêm sofrendo um movimento de recuperação nos últimos meses. Dadas as perspectivas de melhoras diante da crise econômica mundial, diversos ativos, como as ações, se valorizam no mercado. Nesse contexto, de menor...
-
Pioram As Contas Externas.
Editorial do ESTADÃO e o alerta sobre a piora nas contas externas.
Com um buraco de US$ 7,13
bilhões na conta corrente de outubro, resultado pior que o previsto pelo Banco
Central (BC), as contas externas continuaram em deterioração, refletindo
principalmente...
-
A Desvalorização Do Real E A Nova Política De Câmbio.
Editorial do “O Estado de S.
Paulo” de hoje sobre “a desvalorização do real e a nova política de câmbio”.
Nas últimas semanas ocorreu uma modificação importante
no fluxo cambial, que passou a depender muito mais do saldo comercial...
-
"a HipervalorizaÇÃo Do Real"
Direto da FOLHA DE S. PAULO, o colega PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. escreve sobre “A HIPERVALORIZAÇÃO DO REAL”. Uma das principais fraquezas da economia brasileira é a força externa da moeda. É exagero falar em hipervalorização do real? Não me...
-
Macro Ii - Prova 3
1. Taxa de câmbio
a) nominal b) real c) bilateral d) multilateral e) efetiva
apreciação – depreciação
notação comum por exemplo R$/US$
mas diferente de
e = o preço da moeda estrangeira em unidades da moeda doméstica
e por exemplo x US$/1...
Economia