Economia
O dilema da Europa face à Grécia
Com uma dívida pública que no final de 2010 ascendia a 142,8% do PIB e deverá atingir 166,1% do PIB em 2012 ano em que segundo as projeccões da Comissão Europeia, os encargos com juros dessa mesma dívida deverão atingir os 7,4% do PIB parece não existirem muitas dúvidas quanto à insustentabilidade das financas públicas gregas e a impossibilidade de, sem que antes ocorra uma reestruturacao da dívida, este país esteja em condicões para se voltar a financiar no mercado em 2012, ou mesmo em 2013.
O que coloca a Europa perante opcões bastantes desconfortáveis. Uma primeira hipótese, consiste em
reestruturar imediatamente a dívida pública grega, correndo o risco de que tal produza um efeito de contágio sobre os outros países em dificuldades (i.e., Irlanda, Portugal e eventualmente Espanha), e que, além das dificuldades operacionais, teria consequências catastróficas sobre o sistema bancário grego, obrigaria provavelmente a um apoio público significativo para a recapitalizacão dos bancos europeus e seria extremamente embaracoso para o BCE que teria que reconhecer um volume muito elevado de perdas relativamente aos títulos gregos que detem no seu balanco, sem garantias que tal fosse suficiente para evitar um reforco do programa de assistencia na medida em que poderia não ser suficiente para restaurar a confianca dos mercados na dívida grega, caso em que um cenário de saída do euro passaria a constituir uma forte possibilidade. A segunda solucão será
prolongar o programa de assistência, em condicões mais favoráveis que as actualmente aplicáveis, durante o período que se revele necessário, o que implicará um aumento substancial das verbas cedidas pelo FEEF / MEEF e irá certamente enfrentar fortes resistências políticas um pouco por toda a Europa. Ou, o que é mais provável, e aquilo poara que parecem apontar as mnais recentes declaracões do presidente do Eurogrupo, tentar de alguma forma combinar elementos destas duas opcões. Em qualquer dos casos,
não será uma decisão fácil !PS: A ideia de um
reprofiling ou de uma reestruturacão "suave" que sejam, verdadeiramente, voluntárias é uma ideia "sem pernas para andar". Como qualquer investidor sabe uma extensão da maturidade, sem aumento da taxa de juro, reduz o valor actual dos títulos e (não obstante o tratamento contabilistico poder, em certas condicões, permitir que essa perda não seja reflectida nas contas) é, portanto financeiramente, equivalente, a uma reducão do valor nominal.
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