Economia
Inflação no Brasil.
Nosso conhecido OLIVIER BLANCHARD
concedeu uma longa entrevista ao VALOR ECONÔMICO conforme matéria abaixo. Os
principais trechos da entrevista estão no site do jornal.
O crescimento potencial
do Brasil parece mais baixo do que se pensava, diz o economista-chefe do Fundo
Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, referindo-se ao ritmo de
expansão do Produto Interno Bruto (PIB) que não acelera a inflação. Para ele, se a
economia brasileira estivesse muito abaixo do potencial, o país veria a
inflação cair mais. "Com isso, a margem de manobra para usar políticas de
estímulo à demanda é provavelmente limitada", afirma Blanchard, lembrando
que o FMI reduziu a previsão de crescimento
para a economia brasileira em 2013 de 3,5% para 3%. Gargalos de
infraestrutura e no mercado de trabalho foram apontados pelos economistas da
instituição como restrições de oferta importantes que afetam o país.
O economista francês diz ainda que o
desempenho mais fraco do Brasil no passado recente tem grande relação com o
comportamento frustrante do investimento. "É provável que um número de
distorções, assim como alguma incerteza sobre políticas, tenham um papel
nisso", disse Blanchard ao Valor, em meio à maratona de encontros e
seminários da reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, realizada na
semana passada em Washington.
Blanchard diz ainda que países emergentes
como o Brasil devem "ser livres" para suavizar movimentos de recursos
externos mais voláteis, usando "instrumentos de administração de fluxos de
capitais, medidas macroprudenciais e intervenção no mercado de câmbio".
Alguns desses capitais são desestabilizadores, afirma, observando, contudo, que
parte do dinheiro que chega de fora vem por um bom motivo - aproveitar as
perspectivas mais favoráveis dos mercados emergentes.
Para ele, aliás, o Brasil
não abandonou o regime de câmbio flutuante. "Eu chamaria de flutuação
administrada. O real flutua, mas com o uso de controle de capitais", diz
Blanchard,
um dos principais responsáveis pela adoção de ideias mais flexíveis pelo FMI no
pós-crise, como o apoio a controles de capitais em determinadas circunstâncias
e a recomendação para que alguns países não exagerem na dose da austeridade
fiscal.
Para Blanchard, a
recuperação americana mostra sinais robustos, pelo lado do setor privado. O
país vai crescer quase 2% mesmo com o ajuste fiscal equivalendo a uma contração
de 1,8% do PIB.
O economista elogia também a política monetária japonesa, e não a encara como
uma medida voltada para produzir uma desvalorização competitiva do câmbio, mas
sim para de fato tirar o país da deflação.
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