Economia
Impactos econômicos da greve dos caminhoneiros
O objetivo desse post é analisar alguns dos impactos econômicos da greve dos caminhoneiros brasileiros, ocorrida no mês passado.
No dia de hoje foram divulgados os dados referentes ao fluxo de veículos (tanto leves, quanto pesados) nas estradas brasileiras no mês de fevereiro. As informações são da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), em parceria com a Tendências Consultoria. O cálculo da variação anual (mês de referência em comparação com o mesmo período do ano anterior) do fluxo de veículos pesados aponta que, em fevereiro, houve a maior queda nessa base de comparação desde que a pesquisa começou, em 2000: -15,5%. Trata-se de uma consequência direta da greve dos caminhoneiros ocorrida no mês passado, que interrompeu o tráfego em importantes vias brasileiras.
Fluxo de veículos pesados - Var. % anual
É importante notar que essa variável guarda uma valiosa correlação com a produção industrial do Brasil, compilada pelo IBGE. Novamente, mostra-se a variação anual. Outro fator interessante é que as duas séries, especialmente a partir do segundo semestre de 2012, apresentam mudanças cujas magnitudes são relativamente próximas. Nessa base, portanto, é possível esperar uma queda da produção industrial no mês passado que gravite em torno de 15%, com alguma margem para outros efeitos que não são capturados somente por uma única variável.
Fluxo de veículos pesados e produção industrial - Brasil - Var. % anual
Na variação em 12 meses, o impacto também é bastante significativo. A série do fluxo de veículos pesados, que vinha caindo 3,0% até janeiro, passa a cair 4,9% fevereiro. Ao que tudo indica, esse movimento também deve ser acompanhado pela produção industrial.
Fluxo de veículos pesados e produção industrial - Brasil - Var. % acumulada em 12 meses
A tendência é de que, em março, a situação retorne para a normalidade, a partir do fim das paralisações. No entanto, o dado muito fraco de fevereiro para o fluxo de veículos pesados sinaliza que o número da produção industrial também será ruim para o mês (temos, aqui, um típico caso de indicadores coincidentes), contribuindo para comprometer o resultado do ano. Esse é mais um elemento que irá prejudicar a indústria em 2015, que vem sofrendo com a conjuntura bastante desfavorável – retirada dos incentivos fiscais e monetários, duplo racionamento (água e energia), aumento de tarifas – e com os já conhecidos problemas estruturais.
Fonte: Produção Industrial - IBGE (Tabela 3653 do SIDRA)
Fluxo de Veículos Pesados - ABCR (Link aqui)
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