Economia
Heterodoxos.
ANTONIO DELFIM NETTO escreveu hoje sobre os
“Heterodoxos”. Neste caso, vale a minha pergunta: como ficamos os ortodoxos?
Entre outras vantagens, a recente decisão do Copom de reduzir -de
surpresa e para espanto geral- 50 pontos na taxa Selic, teve a virtude de
reabrir uma vexatória questão que cerca os economistas. Há, mesmo, duas
teorias, uma ortodoxa e outra heterodoxa: a primeira professada pelos
"bons e oniscientes" e a outra pelos "maus e mal
informados" economistas?
O problema inicial é reconhecer que só existem "heterodoxos" se o
instrumento de aferição for um "modelo" que resistiu, até o presente,
a todos os desafios empíricos, o que não é o caso.
Por outro lado, por exemplo, temos a interpretação quântica da realidade física
que ninguém sabe bem o que é, mas funciona maravilhosamente! Ora, com relação à
macroeconomia é exatamente o contrário: todo mundo pensa que sabe o que é, mas
não funciona! O problema da microeconomia é menos grave: com métodos
estatísticos confiáveis é possível, em certas circunstâncias, fazer
experimentos "críticos".
Alguém, em sã consciência, pode afirmar que antes de 2009 existia uma
macroeconomia canônica que incorporava os efeitos "não intencionais"
da auto-organização das redes estimuladas pelas inovações financeiras?
Na macroeconomia, a única "ortodoxia" reside nas identidades da
Contabilidade Nacional porque elas são resultado de convenientes definições.
Tentar violá-las é, sim, um ato de "heterodoxia", mas não se trata de
uma "teoria", é apenas ignorância de um princípio lógico inexorável:
a soma das partes não pode ser maior do que o todo!
Existe algo na famosa Teoria Monetária, da qual se acreditam portadores alguns
brilhantes economistas, que se possa aceitar como o intransponível cânone da
ortodoxia? Claramente, não!
O regime de "metas inflacionárias", indiscutivelmente útil para a boa
gestão do processo econômico e para a redução dos atritos entre o capital e o
trabalho na distribuição dos ganhos de produtividade, é apenas um expediente.
Controlado por três equações que exigem o conhecimento de dois parâmetros
altamente ilusíveis (e, portanto, sujeitos a discussão): a taxa real de juro
neutra e o produto potencial, que pode ser discutido sem que isso possa ser
classificado como heresia.
Lembremo-nos, apenas, que os mesmos economistas, há pouco tempo, acreditavam na
mágica das "expectativas racionais" como o "estado da arte"
da ortodoxia!
Podemos e devemos divergir (porque é assim que aumenta nosso conhecimento), mas
é ridículo dizer que a política do Banco Central namora a
"heterodoxia". Por quê? Pela simples e boa razão religiosa que,
infelizmente, a "ortodoxia" não existe...
loading...
-
O Atraso é Heterodoxo
Da coluna de José Scheinkman, na Folha de São Paulo de hoje:"Há no Brasil uma divisão entre economistas ortodoxos e heterodoxos. Isso seria de pouca importância se fosse uma mera discussão acadêmica, mas essa divisão tem conseqüências. No começo...
-
A Miséria Da Epistemologia
O artigo de Luís Antônio de Oliveira Lima (“Ousando discordar da ortodoxia dos economistas”, Valor Econômico, 12/11/07) é pródigo em citações, o que mostra o salutar hábito de leitura do autor. Pena que seu entendimento destes textos não...
-
A Dificuldade Em Entender O Papel Das Hipóteses
Hoje eu tive que ouvir em sala de aula(sobre o modelo de Solow) que os economistas neoclássicos(foi o termo usado, seria mais adequado "ortodoxos" ou "convencionais") são "otimistas, pois em seu modelo a economia sempre está em pleno emprego". Não...
-
O Atraso é Heterodoxo
Da coluna de José Scheinkman, na Folha de São Paulo de hoje:"Há no Brasil uma divisão entre economistas ortodoxos e heterodoxos. Isso seria de pouca importância se fosse uma mera discussão acadêmica, mas essa divisão tem conseqüências. No começo...
-
Hetero X Ortodoxia
Nessa discussão heterodoxia e ortodoxia, prefiro seguir o conelho do meu amigo Ramon Fernandez: "Cuide bem do seu programa de pesquisa e não jogue pedra no dos outros". A Economia é interessante demais para perdermos tempo nos...
Economia