Free Lunch e Taxa de Inscrição
Economia

Free Lunch e Taxa de Inscrição


O que separa os esquerdistas e os não esquerdistas é a compreensão da frase lapidar - atribuída a tantos e imortalizada pelo velho Friedman: "There's no such thing as a free lunch".

Para o militante do esquerdismo, a idéia de que nada sai do nada é inconcebível, uma falácia neoliberal; eles crêem piamente que o governo é uma entidade tão grande e onipotente quanto eles gostariam que, de fato, fosse.

Atestando a incapacidade da esquerda compreender o Free Lunch, sempre aparece algum indivíduo de capacidade cognitiva questionável lutando - para usar um termo deles - pela gratuidade da inscrição no vestibular da UFRGS. O argumento: a UFRGS é uma universidade pública, logo a inscrição para o vestibular deve ser gratuita. Protagoras morreria de inveja de um raciocínio tão bem fundamentado! (Aliás, todo esquerdista competente é um sofista por excelência!)

Não entrarei na questão sobre isenção de taxa de inscrição para pessoas com baixo nível de renda. Até porque a UFRGS já aplica esse benefício aos menos afortunados - e não é de hoje. E eu acho válido. Mas isso é apenas minha opinião pessoal. Não tenho intenção de fundamentá-la neste momento.

Observe a seguinte série de dados:

ANO CANDIDATOS AUSENTES
2008 14,33%
2007 17,99%
2006 19,16%
2005 16,29%
2004 14,99%
(Fonte: www.ufrgs.br)

A tabela acima indica o percentual de candidatos que não foram fazer as provas do primeiro dia (e, portanto, foram automaticamente excluídos do processo seletivo).

Note que são dados bastante significativos. Em 2006, por exemplo, houve quase 20% de abstenções no primeiro dia de provas! Ou seja: 20% dos candidatos que desembolsaram em torno de R$ 100,00 pela inscrição não participaram, por alguma razão, do vestibular.

Se mesmo com uma taxa de inscrição significativa 1/5 dos candidatos se abstiveram, imagine o que aconteceria se não houvesse taxa alguma. Qualquer indivíduo poderia se inscrever mesmo que seu interesse ou preparo para realizar as provas fosse próximo de zero. A quantidade de aventureiros seria considerável. Se, na época das provas, surgisse uma viagem para Magistério ou uma churrascada com a turma da bocha, aquele que não estivesse realmente interessado pularia fora, onerando os cofres da União de forma desnecessária.

Realizar um concurso do porte do vestibular da UFRGS é uma tarefa complexa. Envolve contratar fiscais, coordenadores, pagar professores para elaborarem provas e corrigirem redações. Tem que mandar rodar os cadernos de questões e as folhas óticas. Isso sem falar no aluguel de escolas e prédios para a realização das provas. É caro. Bem caro.

Isentar o candidato de qualquer taxa de inscrição seria incentivar posturas de risco moral e, como conseqüência imediata, fazer com que a qualidade e lisura do processo despencassem: desde a qualidade dos cadernos de questões até a superlotação de salas, passando pela diminuição da relação fiscal/aluno.



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