Explanação acerca do Superávit Primário
Economia

Explanação acerca do Superávit Primário


Retomando as explanações corriqueiras existentes nesse blog, venho através dessa nova postagem, iluminar as mentes nebulosas em relação ao que é realmente o Superávit Primário, tanto falado pela mídia e insistente ideal adquirido desde o final dos anos 1990, quando do empréstimo salutar feito pela equipe de FHC junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional - órgão criado na Convenção de Bretton Woods com o objetivo de manter o equilíbrio financeiro mundial através das décadas, sendo agora comandado por Rodrigo de Ratto). Feliz ou infelizmente, essa preocupação em assegurar a remuneração das instituições bancárias nacionais e internacionais continua no governo de Lula, por meio de políticas mínguas na redução da taxa Selic - remuneração dos títulos públicos - e "poupança" forçada do orçamento governamental através do Superávit Primário, objeto de estudo nesse artigo.

O QUE É SUPERÁVIT PRIMÁRIO (SUAS ORIGENS E SEU DESTINO)?
É a diferença entre as (a)receitas governamentais (tributos diretos e indiretos e outras receitas - não entra aqui juros advindos de atividades governamentais, bem como doações internacionais) menos os (b) gastos governamentais ( entre eles: administrativos, salários, investimentos). O saldo (sendo positivo ou negativo) será somado ao valor dos juros devidos pelo Estado relativos aos títulos públicos. O Brasil, mesmo com a queda da taxa Selic no ano de 2006, registrou um déficit nominal (Juros - saldo [a-b]) de aproximadamente 2,56% (dados referentes aos dez primeiros meses de 2006, visto que o BC ainda não divulgou os dados oficiais).

A origem desse termo remonta ao ano de 1998, quando o Brasil teve de recorrer ao FMI para conseguir um montanto de empréstimo com destino ao pagamento de seus credores internacionais. Como contrapartida (não a única), foi exigido ao Brasil que obtivesse um superávit de 2,6% do PIB em 1999. Foi obtido mais, 3,19% e desde então, o governo vem garantindo que, paulatinamente, o superávit aumente para "reduzirmos a dívida pública". Esse é um caminho de recessão, muito criticado pelo pessoal da FBO (Fórum Brasil de Orçamento - www.forumfbo.org.br).

Para alcançar esse objetivo, é necessária a manutenção das receitas, principalmente, de três maneiras:

  1. Corte de Gastos. É a mais fácil, pois está sob controle do governo os gastos de despesas correntes (salários, custeio de atendimento dos serviços, transferências), despesas de capital (investimento em infra-estrutura, construção civil, hospitais). O retorno social dessas medidas é nulo, pois é calcado na simples manobra contábil e não no planejamento efetivo (apesar da existência da LDO, que é lei, mas não é cumprida).
  2. Aumento da Receita. Essa opção já não é tão acessível, pois é apolítica. Cobra-se mais impostos, taxas e contribuições da população. No Brasil, os tributos são cobrados majoritariamente sobre o consumo e a produção (IPI, ICMS e outros) e sobre transações financeiras (IOF, CPMF). O Governo não tem controle eficaz dessa taxação, por isso existe tanta sonegação por parte de empresas espúrias (deve-se ter em mente que quem paga os impostos são os consumidores no ato da compra e que a frase: "Sonegar para sobreviver", dita por grandes empresários, nada mais é do que a justificativa abrasileirada da inadimplência. Além disso, o brasileiro demora a perceber as realidades a sua volta (não cobra nota fiscal, o seu consumo é baseado ao preço cobrado, etc).
  3. Elevar a produção e renda. Essa opção é a que menos é comentada, devido ao fato de que seria necessária uma real política de redução de impostos na lei - reforma tributária (não desonerações isoladas como no PAC). Ela somente pode ser implementada no momento em que o governo estiver um plano de ação de longo prazo, calcado em segurança jurídica, controle de fluxo de capitais e política monetária expansionista. Com certeza, haverá interferência do FMI no processo e talvez a obstrução de empréstimos do Banco Mundial.

O dinheiro do superávit primário passa da caixa do Tesouro, que o recolheu na forma de tributos, para a caixa do Banco Central, que vende ao mercado mais títulos públicos. E o que acontece com esse dinheiro na caixa do Banco Central? Nada. Rigorosamente nada. Ele é contabilmente destruído. Em algum momento os titulares da dívida pública vão querer retirar, na margem, suas aplicações. Dependendo de que ocorra saldo líquido de retiradas, o Banco Central simplesmente emitirá dinheiro para cobri-lo, independentemente do fato de ter ou não dinheiro em caixa. É o ônus da dívida.

O SUPERÁVIT NO MUNDO

Ao contrário da receita do FMI, países como EEUU, Chile e UE convivem com déficits primários da ordem de 3% do PIB, juros baixos, impostos em decadência e um leve protecionismo. Exemplo notável dessa política é a China, na qual há controle de capitais e ainda obrigação das empresas internacionais repassarem tecnologia no tocante ao sistema de joint-ventures.




loading...

- Erros De Política Econômica - Brasil (iii)
Da coluna de Alexandre Schwartzman, na edição de 9 de julho da Folha de São Paulo: "O governo aumentou informalmente a meta de superávit primário para 4,3% do PIB. Porém, o fato é que o superávit primário tem ficado ao redor de 4,3% do PIB desde...

- Política Fiscal, Taxa De Juros E Taxa De Câmbio
Sérgio Werlang explica, em sua coluna no Valor Economico, porque a política fiscal atualmente praticada pelo governo brasileiro leva a aumento da taxa de juros e valorização da taxa de câmbio: "Diz-se que a política fiscal no Brasil é austera,...

- Erros De Política Econômica - Brasil (iii)
Da coluna de Alexandre Schwartzman, na edição de 9 de julho da Folha de São Paulo: "O governo aumentou informalmente a meta de superávit primário para 4,3% do PIB. Porém, o fato é que o superávit primário tem ficado ao redor de 4,3% do PIB desde...

- Política Fiscal, Taxa De Juros E Taxa De Câmbio
Sérgio Werlang explica, em sua coluna no Valor Economico, porque a política fiscal atualmente praticada pelo governo brasileiro leva a aumento da taxa de juros e valorização da taxa de câmbio: "Diz-se que a política fiscal no Brasil é austera,...

-
Mais um encontro para membros deste blog Como você sabe, leitor, este blog tem uns quatro autores: eu, Leo, Gilson, Ari e André (ops, são cinco). O André sumiu e só aparece de vez em quando na minha caixa postal. Seria este o tamanho ótimo do...



Economia








.