Entrevista ao Broadcast
Economia

Entrevista ao Broadcast


16:59 SCHWARTSMAN CONSIDERA EQUÍVOCO CÂMBIO ADMINISTRADO

São Paulo, 13 - É "equivocada" a avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, feita hoje no Senado segundo a qual administrar a cotação do real ante o dólar é a melhor forma de proteção do País em meio ao recrudescimento da guerra cambial, comentou à Agência Estado Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central de 2003 a 2006. "O câmbio é flutuante, mas só flutua para o lado que o governo quer?", questionou. Para ele, o Poder Executivo está "estabelecendo metas para o câmbio", o que pode "colocá-lo no corner" em algum momento no curto prazo.

Segundo Schwartsman, caso os preços das commodities subam 20% por qualquer motivo, facilmente o câmbio alcançaria o patamar de R$ 1,70. Ele tem dúvidas se o governo faria intervenções nos mercados a vista e futuro de dólar caso a cotação da moeda ante o dólar registrasse desvalorização súbita. "Uma desvalorização forte do câmbio pode gerar uma megainflação, como ocorreu no final de 2010 e início de 2011. Não me parece ser uma coisa das mais inteligentes", disse.[não foi bem isso o que eu disse; eu falei que se o preço das commodities subisse e o governo corresse para impedir a apreciação do câmbio, teríamos uma forte aceleração da inflação, como observado no final de 2010 e começo de 2011

Para o ex-diretor do BC, é "um cretinismo atroz" do ministro da Fazenda dizer que os países avançados realizaram operações de centenas de bilhões de dólares de afrouxamento monetário para desvalorizar suas moedas e com isso elevar suas exportações, a fim de estimular o mercado doméstico. "Isso foi feito para elevar a demanda interna, basta ver que as exportações nos EUA têm um tamanho bem menor do que o seu PIB", apontou . Ele citou que os EUA vendem para o exterior US$ 1,5 trilhão em mercadorias e serviços, enquanto seu produto interno bruto é de US$ 14 trilhões. "No caso da Europa, as injeções de liquidez do BCE estão fortalecendo o euro perante outras moedas", destacou.

Puro Chute

Na avaliação de Schwartsman, "é puro chute" de Mantega quando diz que caso o governo não tivesse feito intervenções no câmbio nos últimos meses, a cotação estaria abaixo de R$ 1,40 e a indústria no Brasil estaria quebrada. "Eu duvido que ele tenha um modelo econométrico que mostre isso", destacou. O ex-diretor do BC disse que estudou a variação do câmbio com um modelo baseado em quatro variáveis - variação da taxa de juros, o índice de volatilidade Vix, o preço de commodities e a variação da cotação do dólar [relativamente às demais moedas] - e chegou a conclusão que o câmbio estaria hoje do mesmo jeito ao redor de R$ 1,70, sem as intervenções feitas pelo Poder Executivo.

De acordo com Alexandre Schwartsman, a ação administrada do câmbio pelo governo tem um objetivo claro: beneficiar a indústria. "Se eu fosse industrial, estaria feliz da vida com esse tipo de proteção. Mas para o Brasil, isso é péssimo", disse. Segundo ele, seria positivo para a economia do Pais outros fatores, entre eles a melhoria da gestão das contas públicas pelo governo, modernização da infraestrutura e redução da carga tributária sobre as empresas, o que incrementaria o ambiente de negócios e incentivaria os investimentos.

Na opinião de Schwartsman, a postura do governo de usar o câmbio para proteger a indústria não ajuda no combate da alta do IPCA pela autoridade monetária. Segundo ele, apesar do Palácio do Planalto ter uma visão de que o governo precisa balancear estabilidade de preços e crescimento da economia, pois inclusive o ministro Mantega reiterou que tem como objetivo fazer com que o PIB suba 4,5% neste ano, compete ao Copom dar a última palavra sobre a gestão da política monetária.

"A responsabilidade final para o controle da inflação é do BC", disse Schwartsman. "Mas parece que a meta de inflação de 4,5% não é a primeira, nem a segunda nem a terceira prioridade do Banco Central", ponderou. "O regime de metas de inflação está morto e enterrado", disse. "Como as expectativas para o IPCA estão subindo e o BC ainda corta juros?", perguntou.

O economista ponderou que em dezembro de 2011 o BC manifestou que num cenário que leva em consideração algumas variáveis, entre elas a Selic a 9,5%, a inflação alcançaria 5,3% em 2013. "Mas agora, o Copom cortou os juros para 9,75%, que deve ir para 9% em abril. Com a redução dos juros pelo BC, a inflação deve ficar ao redor de 5,5% em 2012 e no ano que vem ficará acima disso. A meta de inflação de fato é 4,5%?", destacou. (Ricardo Leopoldo)

- Câmbio flutuante é bom se flutuar para cima
- Mas não muito pra cima, senão é bom que flutue para baixo
- E aí é bom que flutue para cima
- E depois para baixo...
-Aí então (etc, etc)



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