Duas medidas
Economia

Duas medidas


O bombeiro Doug Balser, de Nova orleans, cuida de Deonte Hurst, de 3 anos, durante a evacuação - Army Times, M. Scott Mahaskey/AP Photo

Porque será que a blogosfera portuguesa, tão lesta a emocionar-se com o tsunami asiático, quase ignora o furacão Katrina ?

O tsunami impressionava pela fragilidade em que colocava a humanidade - e cada um de nós - face à imprevisibilidade da natureza. Mas a tragédia de Nova Orleães mostra muito mais do que isso: a facilidade com que se desmorona a nossa vida urbana, a facilidade com que o egoismo toma conta das ruas. O Homem lobo do Homem, lembram-se ?

Lista de pessoas desaparecidas e um dos muitos "chats" onde se debate intensamente a catástrofe - ambos do Nola.com - Everything New Orleans, em cujo último despacho se lê: «Vítimas da tempestade foram violadas e espancadas, irrompem lutas e incêndios, mortos ficam abandonados ao ar livre, helicópteros de socorro e polícias foram alvejados, enquanto a cidade inundada cai na anarquia. "Isto é um SOS desesperado," disse o presidente da Câmara.

«A raiva cresce através da cidade em ruínas, com milhares de vítimas da tempestade cada vez mais esfomeadas, desesperadas e cansadas de esperar por autocarros que os levem dali.

«'Estamos ali como puros animais. Não temos ajuda' disse o reverendo Issac Clark, de 68 anos, no exterior do New Orleans Convention Center, onde cadáveres estão ao ar livre e os outros evacuados se queixam de que foram abandonados sem nada: nem comida, nem água nem medicamentos.

«Entre 15 mil a 20 mil pessoas que procuraram abrigo no centro de convenções à espera de autocarros estão a ficar crescentemente hostis. Eddie Compass, chefe da Polícia, disse que enviou 88 agentes para lidar com a situação mas que estes foram rapidamente escorraçados por uma multidão em fúria.»



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