Dilma no Valor fala de economia.
Economia

Dilma no Valor fala de economia.



Recentemente o VALOR ECONÔMICO entrevistou a presidente Dilma. Vide abaixo  comentários que mostram um pouco do que pensa a presidente.     

Valor: Seu governo também é pragmático?
Dilma: Acho que todo governo tem que ser pragmático. Um governo não pode achar que tem um receituário e que ele vai seguir esse receituário. Exemplo: eu vou fazer o ajuste mais austero do mundo e vai dar certo. O que vai acontecer? Meu crescimento cai e, então, aumenta meu déficit. Porque o denominador despenca, o PIB despenca e sobe a relação dívida pública/PIB. É isso eles estão vivendo aqui na Europa. E nós sabemos o que é porque nós já vivemos isso. A hora em que começa a crescer o seu Produto Interno Bruto, seu ajuste vai ficar mais fácil.

Valor: E por que a economia brasileira demora a reagir e crescer?
Dilma: Porque nós temos que fazer um esforço na área da competitividade. Isso não é uma figura de retórica, é real. Nós temos que diminuir o custo de capital, nós estamos tentando fazer isso, temos que aumentar as fontes de financiamento de investimento de longo prazo, não pode ser só o BNDES. Nós temos que ter um capital mais barato, vindo do mercado de capitais. O Brasil vai ter que sofisticar, temos que ter capitais, temos que ter produtos financeiros que viabilizem o investimento.

Valor: A questão macroeconômica é menos relevante hoje?
Dilma: Não, e aquela história de que a gente acabou os três pilares é absolutamente equivocada.

Valor: Mas o câmbio não está administrado?
Dilma: Não acho.

Valor: Não está nos R$ 2 a R$ 2,04 o dólar?
Dilma: Não acho, pela situação internacional ele está até... Ele esta mantendo um patamar, às vezes ele sobe, aí o pessoal fala "o Tombini vai fazer swap". Aí ele cai e o pessoal do mercado fala "vai cair"...

Valor: A senhora diria que o tripé superávit fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante também pode ser administrado com pragmatismo?
Dilma: Não existe política que não seja pragmática. Me diz qual? Você vai ser ortodoxo e vai ver onde vai dar com os burros n'água. Você já viu momentos na história o povo ser muito ortodoxo? Nós estamos vendo agora, aqui. Já nos EUA eles nunca são. O Fundo Monetário Internacional na nossa época [nos anos 80 e 90] era de uma rigidez absoluta. Aí resolveu agora fazer uma avaliação de indicadores dos efeitos dos ajustes e percebeu o efeito negativo que têm sobre o crescimento. O problema daqui [dos países da zona do euro] é que tem problema político também. O euro não é uma obra completa. Você começa pela moeda, moeda exige Estado e exige um emprestador de última instância e exige emissão de título. Então, enquanto não teve crise eles seguraram. Agora tem que negociar e como é que você negocia com 17 Parlamentos? Tem um problema político. É a chamada "armadilha do consenso". E eu acho que tem uma especulação muito forte contra o euro.



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