Economia
Despesismo, défice, dívida... e depois?
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Países com taxas de crescimento semelhantes às europeias podem suportar dívidas de 60% do PIB quando as taxas de juro estão baixas. Mas, como em muitos países a dívida está a atingir 80 e 90% do PIB, e as taxas de juro baixas são um fenómeno temporário, está a criar-se um problema. Muitos dos países que estão a usar quantidades maciças de dívida para socorrer os seus bancos têm perspectivas de crescimento moderadas no médio prazo, levantando questões de solvência e sustentabilidade.
A Itália, que por exemplo já tem um divida que excede 100% do PIB, tem conseguido, até agora, gerir esta questão devido à queda global das taxas de juro. Mas à medida que a dívida aumenta, e as taxas de juros sobem, os investidores vão começar a ter razões para ficarem nervosos com o risco de reestruturação da dívida. Outros países, como a Irlanda, o Reino Unido e os Estados Unidos tinham uma situação orçamental inicial muito mais forte, mas, quando a crise passar, é possível que não estejam muito melhor.
As taxas de câmbio são outro elemento imprevisível. Os bancos centrais asiáticos continuam nervosos em relação ao dólar. Mas com os Estados Unidos a imprimirem dívida e dinheiro a grande velocidade, o euro deverá apreciar face ao dólar durante os próximos dois a três anos, caso continue a existir.
À medida que a dívida aumenta e a recessão persiste, vamos ver, seguramente, vários governos a tentarem reduzir a sua carga através de repressão financeira, inflação mais elevada, pagamentos parciais, ou uma combinação destes três elementos. Infelizmente, a fase final desta grande depressão não vai ser nada agradável.Kenneth Rogoff, "Qual é a fase final do défice?",
Jornal de Negócios, 30 de Março de 2009, p.37, disponível aqui.
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