Lição número 1. Se preparem para não ver nada de novo aqui. Seguinte, quando se começa a estudar Economia, uma das primeiras lições é a seguinte: O Mercado funciona de certa forma que a partir do momento em que as pessoas nele inseridas começam a transacionar, isto é, efetuando compras e vendas de bens e / ou serviços (e até trabalho), as pessoas passam a ser formadoras dos preços dos mesmos. Mais especificamente no mercado de bens, como nos livros, tênis e quadro dos Beatles (mesmos bens do último post), o sistema de preços nos informa o quão importante é determinado bem para as pessoas. Isto é, se o preço está baixo é porque as forças de oferta dizem que tem muito de um bem (muita oferta) ou então que ninguém o quer (pouca demanda). Se o preço de um bem está muito alto, quer dizer que ou temos muito pouco dele no mercado (pouca oferta) ou temos muita gente o querendo (muita demanda).
Explicando isso de uma forma exemplificada. Se o famoso quadro do Abbey Road dos Beatles custa numa loja no Shopping Iguatemi 30 reais. Um preço que para mim é barato à medida que eu valorizo muito este quadro. Se muitas pessoas estiverem como eu, dispostas a pagar mais pelo quadro, vai se formar um panorama de forte pressão nos preços pelo lado da demanda. A resposta do mercado para isso é o aumento dos preços do bem. Os empresários do ramo de quadros musicais vai perceber que tem mercado ainda se aumentar o preço, para 40, e assim, ele ganha mais vendendo a 40 do que a 30. Por outro lado, se temos uma camiseta Amarela com Roxa (lindíssima) em uma loja “de marca” no mesmo Shopping Iguatemi - nosso patrocinador – e eventualmente, por algum motivo as pessoas acham o preço atual, 12 reais, muito cara por aquela coisa horrível. Então entra o mercado novamente em jogo, só que desta vez atuando para diminuir de preços. Os empresários não conseguem vender a 12 reais, agora diminuem para 8, para ver se vendem as camisetas.
Disso tudo podemos concluir que, para um bem aumentar de preço, pessoas têm que desejá-lo, fazendo com que o mercado responda, inteligentemente, a esse novo padrão de consumo. Uma vez entendido isso, e esse raciocínio é válido para o inverso dos acontecimentos, quando se aumenta o preço, é porque é um recurso escasso.
Um dos maiores problemas do Brasil hoje, que as conseqüências estarão no futuro, é o da energia elétrica. Seu consumo cresce muito mais que sua oferta. Precisa-se, pois, se eu estiver correto no raciocínio anterior, aumentar o preço do bem (energia elétrica) para não enfrentarmos problemas futuros, visto que o consumo está muito alto e chegará num ponto em que não haverá mais oferta, e teremos o famoso “apagão”.
Matéria da Folha de São Paulo:
É comum vermos situações nas quais as pessoas deixam suas casas sem muros, sem cerca elétrica, sem cachorro, sem quaisquer medidas de segurança. E aí ocorre o “inesperado”, um assalto. Com isso, começa-se a corrida rumo à segurança. Compra-se um feroz rotweiller, faz-se um muro de concreto, instala-se alarme e coloca-se sobre o muro uma cerca elétrica. É um hábito comum na vida dos brasileiros esse tipo de situação, deixar primeiro a desgraça acontecer e depois agir. É o que está sendo feito, deixando o problema de lado, e daqui um tempo teremos as conseqüencias.
Por causa dessa distorção no mercado causada pela falsa sinalização do preço que deveria ser de fato apresentado para um bem escasso, como a energia elétrica, daqui algum tempo, em uma bela quinta-feira rotineira, o país todo vai estar sob luz de velas, perdendo a gloriosa novela das oito, e se perguntando porque será que isso está acontecendo!