Também no completo blog da MIRIAM LEITÂO, leio que “o BC divulgou hoje que o déficit em transações correntes (balança comercial, viagens, pagamentos de juros e remessas de lucros e dividendos no país) ficou em US$ 4,1 bilhões em maio. No acumulado em 12 meses, está negativo em US$ 51 bilhões. Não vamos entrar em crise por causa disso, mas é um dado que temos de acompanhar sempre.
O Brasil de hoje é diferente do do passado. Antes, quando o país fechava no vermelho, tremíamos na base, porque devíamos muito, tínhamos poucas reservas, enfrentávamos crise cambial, dólar alto. A situação hoje é diferente.
Mas é preciso olhar para esses números com atenção: só gastos com viagens internacionais registraram saldo negativo de US$ 5,450 bilhões no ano.
Em junho, o déficit em transações correntes também deve ficar em torno de US$ 4 bi, segundo o BC. As previsões do BC para a balança comercial, que faz parte da conta, melhoraram: o superávit deve passar de US$ 15 bilhões para US$ 20 bilhões.
Vale a pena explicar isso: o Brasil está com superávit na balança comercial, apesar de o dólar estar baixo, porque os produtos que o país exporta estão com preço elevado no mercado internacional. Isso nos favorece, serve um pouco como anestesia para esconder alguns desequilíbrios que a economia brasileira acumula nos últimos tempos.
Por outro lado, o país recebeu muito investimento direto, aquele direcionado ao setor produtivo. Apesar de o governo não se mostrar preocupado, tem gente, como o FMI, achando que tem dinheiro entrando que finge ser para o setor produtivo, que não paga IOF, quando não é.
O momento é outro, como disse, mas é melhor olhar o que o Brasil fez de errado no passado pra não repetir as mesmas coisas. Hoje, quando analisamos o caso da Grécia, sabemos que não será fácil resolver o problema da dívida, vivido aqui nos anos 80.
Quando a conta externa fica negativa por muito tempo e o país se descontrola, pode virar um problema. O Brasil, hoje, está bem, porém há dias de sol e outros de chuva. Temos de nos preparar para enfrentar momentos piores. Para isso, é preciso olhar os dados com cuidado, identificar por que não estamos conseguindo atrair mais turistas, por exemplo. O turismo doméstico está caro inclusive para os brasileiros. Por isso, muita gente pensa em viajar para fora, porque faz a conta e vê que ficaria mais barato.
Temos alguns pontos para acertar para que essa conta não fique excessivamente alta. É preciso abrir espaço para que esse período de déficit seja para a modernização da economia brasileira, não apenas para gastos no exterior.”