«A Neuroeconomia propõe alterações radicais nos métodos da Economia. Este ensaio discute as mudanças propostas na metodologia, juntamente com a crítica neuroeconómica da Economia padrão. A nossa definição de Neuroeconomia inclui investigações que não fazem referência específica à Neurociência e que é tradicionalmente referida como Psicologia e Economia. Identificamos a Neuroeconomia como a investigação que implícita ou explicitamente defende uma das seguintes duas propostas:
Asserção I - A evidência psicológica e fisiológica (tais como descrições de estados hedónicos e processos cerebrais) são directamente relevantes para as teorias económicas. Em particular, elas podem ser usadas para suportar ou rejeitar modelos económicos ou até mesmo a metodologia económica.
Asserção II - Aquilo que faz os indivíduos felizes ('utilidade verdadeira') é diferente daquilo que eles escolhem. A análise do bem-estar económico deve usar a utilidade verdadeira em vez das utilidades que orientam a escolha ('utilidade escolhida').
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«Na secção 5 deste ensaio, argumentamos que a Asserção I da crítica neuroeconómica falha a compreensão da metodologia da Economia e subestima a flexibilidade dos modelos padrão. A Economia e a Psicologia colocam questões diferentes, utilizam diferentes abstracções, e procuram um tipo diferente de evidência empírica. A evidência obtida pela Neurociência não pode refutar os modelos económicos porque estes não fazem assumpções nem tiram conclusões acerca da psicologia do cérebro. Da mesma forma, a ciência do cérebro não pode revolucionar a Economia porque não tem capacidade para abordar as preocupações da Economia. Também argumentamos que os métodos da Economia padrão são mais flexíveis do que é assumido pela crítica neuroeconómica e apresentamos exemplos de como a Economia padrão lida com as preferências inconsistentes, erros e preconceitos.
«Os neuroeconomistas vão buscar questões e abstracções à Psicologia e reinterpretam os modelos económicos como se o seu fim fosse responder a essas questões. O modelo económico padrão da escolha é tratado como um modelo do cérebro e é considerado inadequado. A Economia, ou é tratada como ciência amadora do cérebro e rejeitada como tal, ou a evidência cerebral é tratada como evidência económica para rejeitar os modelos económicos.
«Kahneman afirmou que os estados subjectivos e a utilidade hedónica são "tópicos de estudo legítimos. Isto pode ser verdade, mas tais estados e utilidades não servem para calibrar e testar os modelos económicos padrão. As discussões acerca de experiências hedónicas não têm lugar na análise económica padrão porque a Economia não faz previsões acerca delas e não possui dados para testar tais previsões. Os economistas também não possuem meios para integrar medições da utilidade hedónica com dados económicos padrão. Por isso, consideraram apropriado confinar-se à análise destes últimos.
«O programa da Neuroeconomia para mudanças na Economia ignora o facto de que os economistas, mesmo quando lidam com questões relacionadas com as que se estudam em Psicologia, têm diferentes objectivos e abordam evidência empírica diferente. Estas diferenças fundamentais são obscurecidas pela tendência dos neuroeconomistas em descrever ambas as disciplinas em termos muito amplos.»