Querido Igor,
Me permita, explicar a "minha" idéia novamente, este
texto faz parte de um linha de pensamento que venho
tendo a bastante tempo no grupo de debates (o convite
está de pé), portanto analisá-lo sozinho pode levar a
erros de interpretação.
No próprio texto eu faço referência a estes textos
anteriores: “Já expliquei, pessoalmente e por escrito,
a ‘minha’ tese da felicidade relativa, da renda
relativa, dos bens sociais, etc...”
O ultimo texto escrito neste sentido vai em anexo.
Os textos foram feitos para subsidiar uma discussão,
portanto não tem caráter cientifico ou buscam
transformar o mundo, apenas analisá-lo.
Este texto (a liberdade é legal) se propõe a ser um
complemento idealista aos textos anteriores
predominantemente materialistas. São textos
complementares, teses complementares.
Os próprios autores que tomei como referencia são
pessoas de esquerda preocupadas com a “liberdade
material” (este termo existe?); Sartre, que dispensa
apresentações e Michel Onfray que nas ultimas eleições
francesas fez campanha para a Liga Comunista
Revolucionária (LCR), uma espécie de PSOL de primeiro
mundo.
(((Nota: Queria deixar claro, que utilizo o atalho de
demonstrar o esquerdismo das referências para
demonstrar suas preocupações com a “liberdade
material”, apenas porque acredito ser esta a forma
mais fácil de lhe convencer. Eu acredito que se pode,
muito bem ser de direita e se preocupar com a
“liberdade material”. Eu mesmo não me considero mais
de esquerda e me preocupo com isso, mas com certeza
não pretendo debater isso nesta lista de e-mails.)))
Quanto à parte da ideologia eu acho que houve mais um
problema de comunicação, eu estava criticando as
“engenharias sociais”, pois considero que estas sim
pressupõem buscar um novo-homem, algo próximo do
super-homem de Nietzsche que você criticou.
A inquisição católica, o macarthismo, o policiamento
político da URSS, a revolução cultural chinesa que
buscava a ‘regeneração moral’, são exemplos de estados
que decidiram o que era melhor ou não para os
indivíduos, são exemplos de “engenharias sociais”,
motivadas seja por ideologias seja por religiões.
A minha argumentação afirma que é o cidadão, e não o
estado, que deve escolher o melhor caminho pra cada
indivíduo. Afinal achar que está fazendo a coisa
certa, é fazer a coisa certa.
Por fim, a noção de liberdade coletiva não é
incompatível com a busca do hedonismo coletivo
(maximização da felicidade na sociedade), pelo
contrário, é condição necessária (mas não suficiente)
a este.
Um abraço,
André
Nem foi incompetência sua em explicar e nem minha em
entender. Eu apenas disse que essa concepções são
idealista, e portanto, incapazes de transformar a
realidade em um édem. E que além disso são carregadas
de ideologia. Por fim, essas concepções são, em si,
contraditórias, pois a noção de liberdade coletiva é
imcompatível com o hedonismo.
Um abraço.
Igor